1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Aprovação de reformas cria racha no Syriza

16 de julho de 2015

Votação no Parlamento grego favorável a medidas de austeridade revela divisões profundas no partido do primeiro-ministro Tsipras. Grande parte da bancada da legenda desaprova reformas, chamadas de "genocídio social".

https://p.dw.com/p/1FzGt
Foto: Reuters/Y. Behrakis

A Grécia acordou nesta quinta-feira (16/07) com uma ressaca política histórica após o Parlamento do país aprovar uma série de medidas de austeridade exigidas pelos credores europeus. Apesar de o resultado ser crucial para a liberação de um terceiro pacote de resgate ao país, de 86 bilhões de euros, o governo radical de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras se vê agora enfraquecido diante da revolta de correligionários do partido Syriza, contrários à austeridade.

As reformas aprovadas incluem mudanças radicais nos impostos, pensões e regras trabalhistas. A aprovação das medidas – com 229 votos a favor, 64 contra e seis abstenções – só foi possível graças aos votos da bancada pró-europeia, de oposição.

A presidente do Parlamento, Zoe Constantopoulou, do Syriza, classificou as medidas de "genocídio social". O ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, e o atual ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, também estavam entre os 38 membros da bancada do Syriza que votaram contra as reformas.

O atual ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, deixou claro num debate no Parlamento nesta quarta-feira que os termos do projeto de lei, elaborado com base nas demandas dos credores, eram incômodos. A decisão de apoiar os termos do resgate será "um fardo que carregarei para o resto da vida", disse. "Não sei se fizemos a coisa certa. Mas sei que fizemos algo para o qual sentimos que não tínhamos escolha", disse.

Tsipras também não escondeu que foi obrigado a aceitar as condições dos parceiros da zona do euro para o resgate à economia do país. "Eu tinha escolhas específicas diante de mim: uma era aceitar o acordo, do qual eu discordo em vários pontos. A outra era a inadimplência desordenada", disse num pronunciamento acalorado, antes da votação. "Não vamos abandonar nossas promessas de lutar até o final pelo direito dos trabalhadores. Não existe outra opção para todos nós que não seja dividir o peso desta responsabilidade", afirmou.

No início do dia, Tsipras havia recebido a carta de demissão da vice-ministra das Finanças, Nadia Valavani, que disse que não poderia votar a favor do projeto de lei e, portanto, não poderia continuar no governo. O Syriza chegou ao poder em janeiro com a promessa de barrar medidas de austeridade.

A aprovação das reformas exigidas pelos credores pelo Parlamento aconteceu somente dez dias depois de um referendo proposto pelo próprio Tsipras, no qual 60% da população se manifestou contrária a mais austeridade. A sessão no Parlamento desta quarta-feira ocorreu em meio a violentos protestos de sindicatos e grupos políticos nas ruas de Atenas.

Próximos passos

Nesta quinta-feira, os ministros das Finanças dos países da zona do euro discutem os próximos passos para o resgate da economia grega. O Banco Central Europeu (BCE) também debate como evitar um colapso dos bancos gregos.

Os governos europeus estão divididos quanto às opções de ajuda à Grécia para que o país consiga os recursos financeiros que necessita no curto prazo, enquanto espera o acordo do pacote da zona do euro ser finalizado. Para a Grécia assegurar o terceiro pacote de resgate, é preciso a aprovação de vários Parlamentos dos outros 18 membros da zona do euro. Os olhares estão voltados sobretudo para a Alemanha, cujo Parlamento deve votar os planos nesta sexta-feira.

Os credores estimam que Atenas precise de 12 bilhões de euros para sustentar o país até meados de agosto, incluindo 4,2 bilhões que precisam ser pagos ao BCE para manter os bancos gregos funcionando.

Nesta quarta-feira, a Comissão Europeia apoiou formalmente uma proposta controversa de usar um fundo de crise da União Europeia para cobrir as necessidades financeiras de Atenas no curto prazo, disseram autoridades, colocando em oposição Reino Unido e Alemanha.

MP/afp/rtr/dw