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Arqueólogos e empreiteiros trabalham juntos em Colônia

Tobias Jung10 de janeiro de 2005

Uma das cidades mais antigas da Alemanha passa por uma obra gigante de infra-estrutura: a construção da linha de metrô que ligará o centro à zona sul da cidade. No meio do caminho, achados arqueológicos valiosos.

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Achados romanos no centro da metrópoleFoto: Kölner Verkehrs-Betriebe AG

Desde 2004, Colônia passa por uma grande reforma. São os primeiros trabalhos realizados na cidade que pretende, a partir de 2010, colocar em funcionamento uma nova linha de metrô. A construção, orçada em 620 milhões de euros – 90% pagos pelo Estado e 10% pela KVB (empresa de transportes públicos de Colônia) – deverá trazer muitos arqueólogos para a cidade, pois parte de um passado precioso pode ser revelada durante as escavações.

Passado histórico da cidade

KVB Ausgrabungen in Köln Gewandspange
Grampo para vestuário encontrado em ColôniaFoto: Kölner Verkehrs-Betriebe AG

Colônia foi fundada entre 19 e 18 a.C., por Marco Agripa, comandante-chefe do exército e genro do imperador romano Otávio Augusto (27 a 14 a.C.). No ano de 50 da era cristã, a cidade é batizada como "Colonia Claudia Ara Agrippinensium" (CCAA). Sob o comando do imperador Domiciano (81 a 96 d.C.), Colônia torna-se capital da província, a Germânia Inferior, e começa a expandir-se.

Em 1106, sob Henrique IV, a área de Colônia é ampliada de 97 para 200 hectares quadrados. Já em 1180 percebe-se a necessidade de nova expansão, criando-se então um território com cerca de 405 hectares quadrados às margens do rio Reno.

Crescimento intenso

Desde a Idade Média, Colônia ampliou sua área e população de maneira vertiginosa: de 97 para 40.015 hectares quadrados e de 20 mil para 1,01 milhão de habitantes (dados de 2002). A fase das maiores transformações e crescimento demográfico mais intenso situa-se entre os séculos 19 e 21.

As obras do metrô

A construção da nova linha do metrô será realizada em colaboração com especialistas de toda a Europa. Segundo Marcos Trier, arqueólogo e membro da Secretaria Estadual do Patrimônio do Solo, o empreendimento pode ser comparado às obras do metrô de Atenas e Londres, ou às escavações do Louvre, em Paris.

KVB Ausgrabungen in Köln
Obras do metrô de ColôniaFoto: Kölner Verkehrs-Betriebe AG

Com a intenção de preservar o máximo do que foi deixado pelas antigas construções romanas, o projeto prevê uma escavação sem a abertura de buracos na superfície, utilizando-se de máquinas especiais, conhecidas como maulwürfe (toupeiras). Os dutos por onde passarão os trens serão posicionados a pelo menos 20 metros de profundidade, uma vez que as camadas urbanas mais antigas costumam estar situadas entre dois e 13 metros de profundidade.

A construção da nova linha foi dividida em três fases. A praça ao norte da estação ferroviária central já está passando por trabalhos de escavação: este trecho se estenderá até à rua Marktstrasse, bem ao sul da cidade. Em seguida haverá a ligação entre o eixo central do metrô e a linha que percorre toda a margem do rio Reno em direção a Bonn. A última fase será a extensão da primeira etapa, conduzindo uma linha externa até Arnoldshöhe, ao sul do município.

Muito trabalho e pouca verba

Antes das obras propriamente ditas terem início, os especialistas já colocam mãos à obra, explorando o máximo que podem. As primeiras escavações realizam-se no centro de Colônia, próximo à estação central, e já causam dor de cabeça aos empreiteiros e excitação entre os pesquisadores: quando a primeira rua foi aberta para a instalação dos cabos, encontrou-se um pedaço de um canal romano, o que implicou a remoção da obra para cinco metros adiante.

“Trata-se de uma cloaca maxima dos tempos romanos, que transportava o esgoto da cidade até a região portuária, um canal imponente que foi uma das primeiras obras a serem mantidas intactas”, afirma Marcus Trier. Na Bonnerstrasse também fez-se um achado importante: um pedaço de uma antiga estrada romana, conduzindo até à capital do império, Roma.

A preocupação com a verba de 15 milhões de euros disponíveis para os trabalhos de escavações, entretanto, é grande. Segundo Hans-Gerd Hellenkemper, coordenador do projeto, não está claro "se será possível fazer um trabalho de qualidade com a verba destinada, já que se trata do maior projeto arqueológico realizado atualmente na Europa".