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Arquiinimigos da Guerra Fria sentam-se à mesma mesa

Estelina Farias28 de maio de 2002

Os chefes de Estado e de Governo dos 19 países-membros da OTAN e da Rússia assinaram, na Itália, um acordo sobre uma cooperação estreita entre os arquiinimigos dos tempos da Guerra Fria.

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Presidente russo Vladimir Putin entre Silvio Berlusconi (e), e o secretário-geral da OTAN, George Robertson (d).Foto: AP

Com a chamada Declaração de Roma foi criado o Conselho oTAN-Rússia, que sela o fim da Guerra Fria. Por isso, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, qualificou a conferência de cúpula desta terça-feira (28) como "um momento histórico no caminho para uma Europa livre e pacífica. "Não há outra alternativa para a cooperação entre a OTAN e a Rússia", destacou o presidente russo, Vladimir Putin, que sentou-se pela primeira vez ao lado dos seus colegas da OTAN. O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, considerou que "os antigos antagonismos entre o Ocidente e o Leste Europeu pertencem, finalmente, ao passado".

Para proteger os 20 líderes mais importantes do mundo reunidos na base aérea de Pratica di Mare, perto de Roma, foram colocados 15 mil policiais em ação, dúzias de caças e helicópteros sobrevoaram a cidade, quilômetros de praias interditados, mísseis antiaéreos colocados a postos e vôos comerciais para a Itália suspensos. Afinal, foi o primeiro encontro de cúpula da OTAN depois dos atentados terroristas em Nova Iorque e Washington com saldo de quase três mil mortos. O anfitrião do encontro, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, recepcionou Bush na véspera com um banquete.

Direitos iguais

- A assinatura da Declaração de Roma inicia uma nova fase nas relações entre o Ocidente e o país herdeiro da União Soviética extinta em dezembro de 1991. No Conselho OTAN-Rússia criado agora Moscou participará, em pé de igualdade, de decisões sobre o combate ao terrorismo, controle de armamento e medidas para combater crises regionais. Até agora Moscou foi confrontado com fatos consumados pelas potenciais ocidentais na região que dominara nos tempos do bloco comunista. O Cremlin teve que engolir, por exemplo, a humilhação de ver aviões americanos e europeus bombardeando a sua tradicional aliada Sérvia, no conflito de Kosovo em 1999.

As decisões internas sobre a aliança militar continuarão sendo tomadas pelos países-membros no Conselho da OTAN, sem participação da Rússia. Cada Estado da aliança pode impor seu veto se a medida em questão não corresponder a seus interesses próprios. Significa que não haverá confiança recíproca cega. Mesmo assim a criação do grêmio foi vista como uma decisão histórica por todos os seus signatários, como destacou o chefe de governo alemão, Schröder. "Com a Declaração de Roma, as relações entre a OTAN e a Rússia obtêm uma nova qualidade que era inconcebível até há pouco tempo, pois os antigos antagonismos entre Ocidente e Leste pertencem, finalmente, ao passado", destacou o político alemão social-democrata.

Sociedade light

– A OTAN e a Rússia já haviam cooperado antes uma com a outra, mas não em pé de igualdade como previsto no Conselho criado agora. 11 de setembro deu o impulso decisivo para o que observadores políticos vêem como uma "associação light" de Moscou à aliança militar dominada pelos Estados Unidos. Bush também evidenciou isso hoje em Roma: "Os atentados de 11 de setembro deixaram claro que os novos perigos do nosso tempo ameaçam todas as nações, também a Rússia. Para nós é evidente que se agirmos conjuntamente a nossa efetividade quadruplicará".