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Arte radical russa enfrenta tabus

(av)10 de janeiro de 2002

Uma exposição revela como os jovens artistas plásticos russos elaboram a herança do regime autoritário e enfrentam a ameaça do monopólio dos valores pop ocidentais.

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Vladimir Putin, George W. Bush e Osama bin Laden na mais perfeita harmonia, sentados num sofá, só de meias e cuecas. Infelizmente não se trata de realidade, mas sim da montagem fotográfica de um artista da Sibéria. Juntamente com outras 54 instalações, vídeos e animações por computador expostos em Berlim a partir de quinta-feira (10), ela faz uso de uma das prerrogativas da arte: contornar a realidade e construir utopias.

A exposição dos "jovens selvagens" russos é intitulada "Davaj!", algo assim como "Vamos lá!". Trata-se dos mais importantes representantes da cena artística radical da Rússia, e foi organizada pelo Festival de Berlim e o Museu de Arte Aplicada de Viena. Esta mostra abrangente traz pela primeira vez não só artistas plásticos e multimídia das metrópoles Moscou e São Petersburgo, como de localidades menos populares, de Caliningrado a Vladivostok.

Uma primeira olhada mostra como os participantes já se distanciaram da concepção oficial de arte, aquela ditada pelo Estado. Quer espalhafatosos e provocadores, quer delicados e sutis, os radicais russos chamam atenção para sua visão de mundo pessoal e intransferível. O único ponto unindo obras tão diferentes é a reação contra o tradicional, o desejo de romper com tabus.

Com freqüência se vê tematizado um conflito básico: como deve posicionar-se um artista russo, neste universo ocupado pela cultura pop ocidental? Essa pergunta é traduzida em iconoclastia visual, como as fotos deformadas da estrela da Mercedes tendo à frente símbolos de status enterrados em folhagem seca. Um outro quadro mostra uma borboleta, trazendo numa asa a efígie de Lênin e na outra o cifrão, como símbolo do capitalismo.

"Davaj!" fica aberta ao público até 27 de fevereiro no Parque de Veículos do Correio de Berlim (Postfuhramt). Além disso, no dia 18 de janeiro, a Casa do Festival de Berlim oferecerá uma "Longa noite russa", com música, dança, leituras e filmes. Em seguida, a exposição vai para a Viena, onde poderá ser vista até 19 de junho.