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Arte e proteção ambiental

Sabine Oelze (jbn)19 de fevereiro de 2009

A luta contra a destruição do meio ambiente tornou-se assunto frequente na sociedade. Artistas de vários países também estão engajados e fazem de sua obra uma maneira de chamar atenção para os problemas climáticos.

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'Fresh Air Cart', de Gordon Matta-Clark, inaugura arte engajada pelo meio ambienteFoto: Marilys B. Downey, New York

Enquanto carros e pessoas transitam freneticamente por Wall Street, uma mulher se senta, coloca uma máscara de oxigênio e respira fundo dentro de um pequeno carro provido de dois assentos e um guarda-sol. Este era o Fresh Air Cart (Carro de Ar Fresco), aparato criado pelo artista americano Gordon Matta-Clark, em 1972, para oferecer ar limpo aos transeuntes de uma das ruas mais movimentadas de Nova York.

Documentada em vídeo, a performance de Matta-Clark é uma das obras da exposição "Fantasias morais. Posições atuais da arte contemporânea no contexto do aquecimento global", aberta ao público até 26 de abril, no Castelo Morsbroich em Leverkusen, perto de Colônia. Com Fresh Air Cart, Matta-Clark se consagrou como pioneiro da arte engajada pelo meio ambiente.

Comércio climático

Ausstellung Moralische Fantasien
Instalação de Christoph Keller retrata o fim do planeta azulFoto: Christoph Keller

Em uma época em que companhias aéreas fazem propagandas de viagens que seriam neutras para o clima, jovens artistas também se ocupam de problemas ambientais.

A artista suíça Anna Meyer, por exemplo, levanta exatamente essa questão em sua pintura. Na exposição, ela faz um trocadilho com as palavras em alemão klimawandel (mudança climática) e klimahandel (comércio climático). A primeira palavra aparece escrita em uma película de plástico pendurada no teto. Logo depois, um avião passa e cobre o céu azul com fumaça marrom, transformando o "W" de klimawandel no "H" de klimahandel.

Com isso, Meyer coloca o dedo na ferida e questiona a prática que se tornou comum de fazer comércio com o clima. Afinal, a pergunta que não quer calar é se seria justo que, ao pagar alguns euros por um estilo de vida desrespeitoso, viajantes possam comprar uma consciência limpa.

Analisando bem, essa compensação financeira só desvia a atenção do verdadeiro problema. Pois camuflar as emissões de carbono com créditos de emissão não ajudará em nada a prevenir do derretimento dos icebergs no Pólo Norte.

Vídeos e fotos reforçam protesto artístico

A instalação The Whole Earth (A Terra Inteira), do alemão Christoph Keller, também aponta para o fim do chamado planeta azul. A obra consiste em um balão meteorológico, sobre o qual se projetam nuvens brancas. Aviões barulhentos voam pela tela e acabam com a ilusão de que ainda poderia existir uma natureza intacta.

Ausstellung Moralische Fantasien
Olaf Nicolai: ovelhas pastam no meio de uma construção da AntiguidadeFoto: Galerie EIGEN + ART

Já o dinamarquês Olafur Eliasson mostra, na série de fotos 360º Crystal Palace (360º do Palácio de Cristal), um frágil iceberg ao encontro de sua destruição.

O alemão Olaf Nicolai também utilizou a fotografia como protesto, mostrando um rebanho de ovelhas pastando no meio de construções da Antiguidade. Um paraíso enganoso, pois os animais se encontram em um parque no centro de Roma.

Em um filme da suíça Ursula Biemann, exibido na exposição, camponeses contam como foram foçados a vender suas terras para que o oleoduto do Mar Cáspio pudesse ser construído.

Arte para proteção ambiental

Os artistas não querem deixar o problema ambiental somente nas mãos de multinacionais e de estrategistas de marketing. Com suas obras, eles só podem prestar uma pequena colaboração, mas que não deve ser subestimada.

"Less oil more courage" (Menos petróleo, mais coragem) foi o slogan criado por Rikrit Tiravanija, artista nascido na Argentina e crescido na Tailândia. Estampada em uma camiseta, a mensagem é um apelo pessoal, a fim de que as pessoas contribuam mais ativamente para a proteção ambiental. Afinal de contas, só uma mudança de comportamento pode salvar a natureza.

A exposição de Leverkusen faz parte de um movimento maior. Cada vez mais produções artísticas e culturais tratam dos problemas climáticos. Atualmente, há até uma cooperação entre o Temporäre Kunsthalle Berlin (Pavilhão Temporário de Artes de Berlim) e o Ministério alemão do Meio Ambiente.

O próprio ministro Sigmar Gabriel é patrono da exposição "Under Lime" (Sob a Tília), do artista conceitual britânico Simon Starling, a ser vista até 18 de março no pavilhão. Com três instalações, Starling explora possibilidades de utilizar novas fontes de energia.

Ausstellung Moralische Fantasien
'Menos petróleo, mais coragem' é a mensagem do argentino Rikrit TiravanijaFoto: Rirkrit Tiravanija

Mudança climática através da cultura

Além da criação de obras de arte como forma de protesto, outros artistas cooperam com organizações ambientais. O fotógrafo americano Spencer Tunick, por exemplo, colaborou com o Greenpeace em um projeto, no qual centenas de pessoas posam nuas nas geleiras Aletsch na Suíça.

A iniciativa tinha como objetivo chamar a atenção da sociedade para o aquecimento global. Com as esculturas vivas, Tunick e o Greenpeace queriam simbolizar "a relação dos homens com a vulnerabilidade das geleiras em derretimento", explicou a organização.

O projeto Climate Art também está envolvido na proteção do meio ambiente. Para incentivar projetos ambientais em países emergentes, o público pode adotar uma escultura. Embora não passe de um esclarecimento sobre os sintomas de destruição já conhecidos pela sociedade, o engajamento dos artistas é certamente honroso.

Uma arte para conscientizar não prejudica ninguém. Talvez sirva até para confirmar a esperança das organizações ambientais de que cultura também pode gerar consciência climática.