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Artistas respiram fundo após vitória de Schröder

(sv)24 de setembro de 2002

Personalidades ligadas à vida pública alemã temiam "surpresas desagradáveis" com uma possível vitória de Stoiber. "Com Schröder, pelo menos sabe-se o que se tem", afirmam representantes da classe artística.

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Gerhard Schröder em entrevista coletiva, após a vitóriaFoto: AP
Pela tradição, artistas plásticos, escritores e cineastas não costumam exatamente serem árduos defensores do continuísmo político. Nas recentes eleições alemãs, no entanto, a reação da classe artística à vitória de Schröder foi, se não comemorada com entusiasmo, vista com um certo alívio. Ao contrário do conservador Stoiber, com social-democratas e verdes no poder, "sabe-se o que se tem", afirmaram intelectuais antes do pleito.

Não é de se estranhar que artistas alemães duvidem das intenções de um candidato como Stoiber, que declara ser o posto de ministro da Cultura do país "tão necessário quanto o de um ministro da Marinha na Suíça", país sem zona costeira. "Começar tudo de novo com Stoiber?", pergunta o escritor Erich Loest, em entrevista ao semanário Die Zeit.

Conflitos -

Schröder cultuou em seus quatro anos de mandato a tradição de manter intelectuais a seu redor. Cineastas, escritores e artistas plásticos foram convidados com freqüência para participarem de palestras, discussões e exposições na sede do governo. No entanto, as últimas reuniões não podem ser exatamente chamadas de "encontros de família".

No segundo semestre de 2001, por exemplo, a participação da Alemanha nos ataques ao Afeganistão foi um dos pontos de discórdia entre artistas e o chefe de governo. "Não foi muito fácil, me senti em uma posição consideravelmente solitária, mas ao mesmo tempo me senti bem", afirmou o chanceler após uma reunião em que a discórdia entre a inteligenzia e o poder ficou mais do que explícita.

Insatisfação -

Em uma outra ocasião, quando defendia a construção da Academia das Artes de Berlim na região da sede do governo, Schröder deixou mais uma vez claros seus propósitos de manter-se literalmente próximo à classe artística. Esta proximidade, no entanto, não impediu que várias personalidades da vida cultural alemã expressassem o descontentamento com os rumos traçados pelo governo.

Em novembro do último ano, 170 personalidades da vida pública assinaram um documento enviado a Schröder, manifestando a insatisfação com a atuação de social-democratas e verdes no poder. O escritor Günter Grass, um conhecido defensor veemente de Schröder em campanha eleitoral e social-democrata de carteirinha, não escondeu na época sua insatisfação com a coalizão verde e social-democrata. No final da campanha, na última sexta-feira (20), Grass avisou ao chefe de governo: "Se vocês relaxarem outra vez, desejo uma oposição popular extra-parlamentar atuante, para que vocês enfim façam alguma coisa".

Decepção -

O artista gráfico Klaus Staeck, social-democrata convicto, já havia assumido em novembro de 2001: "a decepção é enorme. Se hoje compararmos nossas expectativas de então com a prática do governo nestes quase três anos, chegamos à conclusão que muito pouco do que nos levou a votar no SPD e nos Verdes foi tomado pelos partidos após as eleições".

Apesar das decepções, algumas reformas levadas a cabo pelo atual governo não podem ser ignoradas, como a melhoria da lei que regulamenta os direitos autorais e um maior intercâmbio entre a Alemanha e o Leste Europeu, interrompido após a reunificação alemã. Também a reforma do sistema de incentivo ao cinema faz parte das resoluções tomadas pelo atual ministro alemão da Cultura, Julian Nida-Rümelin (SPD), embora esta ainda seja uma das ações controversas do atual governo.