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Assédio moral prejudica saúde e economia

Andreas Burman (rw)26 de agosto de 2005

Violência psicológica no local de trabalho atinge mais de um milhão de alemães. Assédio moral é objeto de estudo encomendado pelo governo. Implicações para a saúde e para as finanças.

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Foto: Illuscope

Num país onde o desemprego chega a 10%, até mesmo ter um trabalho pode ser fator de preocupação. O medo de perder a vaga afeta 80% dos trabalhadores na Alemanha, o que leva a conflitos e tensões entre colegas ou com a chefia e não raramente desemboca em problemas de saúde para as vítimas e processos na Justiça.

Como, por exemplo, a experiência vivida por Anja Meyer (nome alterado pela redação), de 42 anos e mãe de três crianças. Ela já havia trabalhado durante 18 anos como secretária num consultório médico quando seu chefe se aposentou, passando o consultório a outro profissional. Este, no entanto, quis economizar em pessoal e fez de tudo para forçar demissões, já que a lei alemã protege o funcionário. Aliás, 38% das vítimas de assédio moral na Alemanha são maltratadas pelos chefes.

Demissões ou transferências

Anja conta: "Quando chegamos de viagem, ele inventou que não havia aprovado nossas férias. Depois, exigiu que provássemos o quanto trabalhávamos por dia, o que num consultório é difícil. Quando já não viu mais saída, resolveu encurtar nossa jornada de trabalho. Só que de forma retroativa, para não pagar aquilo a que tínhamos direito". Por fim, ela acabou se demitindo, como 20% das vítimas na Alemanha. Cerca de 16% são demitidas e 33% transferidas de local de trabalho.

Do isolamento social à sabotagem

Este tipo de violência psicológica no emprego atinge um milhão de pessoas na Alemanha. O "mobbing", como também é chamado o assédio moral, preocupa tanto as autoridades de saúde que foi objeto de um estudo encomendado pelo Departamento Federal de Proteção e Medicina no Trabalho.

Martina Stackelbeck, co-autora do Mobbing Report, explica: "Trata-se do problema do isolamento social no local de trabalho. Ele pode ir desde os casos em que as pessoas não se cumprimentam mais até extremos, como colar as teclas no teclado ou apagar a memória do computador. Casos de sabotagem mesmo".

Gastos com tratamentos e prejuízos empresariais

As conseqüências físicas e psicológicas decorrentes do mobbing levam a gastos calculados em 11 bilhões de euros em tratamentos médicos, além de 13,5 bilhões de prejuízos às empresas.

Um estudo do instituto internacional de consultoria Gallup comprovou a falta de interesse e de preparo das lideranças empresariais para este tipo de problema. "Isto se deve principalmente à falta de dinheiro e de interesse para treinar as novas lideranças", acusa Stackelbeck, que complementa: "As chefias não querem encarar o trabalho também como atividade de convívio social".

Por outro lado, ela ressalta a grande quantidade de entidades e organizações da Igreja e do Estado engajadas no atendimento das vítimas de assédio moral. Este atendimento acontece pessoalmente ou por telefone.

Conflitos travados na Justiça

Em junho, os problemas de relacionamento entre colegas foram o principal tema da revista Karriere, publicada mensalmente em Düsseldorf. A reportagem informa que, segundo uma pesquisa, 17% das pessoas que trabalham já se informou junto a advogados o que fazer por causa da violência psicológica no emprego. Outros 10% acionaram o conselho de fábrica por causa de problemas de conflitos com a chefia. Somente 13% dos problemas foram solucionados de forma pacífica.

O aumento das dificuldades nas relações profissionais também é comprovado por um estudo do grupo de consultoria Neuwaldegg. Os executivos gastam atualmente mais de 33% de seu tempo na resolução de conflitos, sem no entanto obterem grandes êxitos. A Justiça do Trabalho de Hamburgo recebeu para apreciação mais de 17 mil casos em 2004, o que significa um aumento de quatro mil casos em cinco anos.

A revista entrevistou a psicóloga Jutta Kreyenberg, para quem os programas de racionalização e contenção de custos forçam os executivos a distanciar-se cada vez mais da preocupação com o funcionário em detrimento do bem da empresa.