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Morte de uma ativista

16 de julho de 2009

Cúpula Merkel-Medvedev e Diálogo de São Petersburgo, na Baviera, foram obscurecidos pelo sequestro e morte da ativista dos direitos humanos Natalia Estemirova. Ela investigava irregularidades penais na Tchetchênia.

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Medvedev (e) e Merkel na BavieraFoto: AP

O assassinato da ativista russa de direitos humanos Natalia Estemirova marcou o encontro entre a chefe de governo alemã, Angela Merkel, e o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, nesta quinta-feira (16/07), no castelo de Schleissheim, nas proximidades de Munique.

Ainda assim, o tema central da 11ª cúpula governamental teuto-russa foi a crise financeira e econômica global. O chefe de Estado russo foi também recebido por outros políticos alemães, como os ministros da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg; do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel; e da Educação e Pesquisa, Annette Schavan.

Em seguida, ambos os dirigentes participaram do chamado Diálogo de São Petersburgo, ao lado de 200 personalidades da sociedade civil de seus países.

Parceria estratégica

A Alemanha e a Rússia ampliam sua parceria estratégica, em meio à crise global. Merkel e Medvedev prometeram intensificar a cooperação no tocante à energia, economia e combate à criminalidade. Diversas empresas alemãs assinaram acordos de cooperação com parceiras russas.

Assim, a operadora do aeroporto de Frankfurt, Fraport, também assumirá a operação do aeroporto de São Petersburgo, modernizando-o. A Siemens construirá 100 locomotivas por ano em Ecaterimburgo. O KfW, banco estatal alemão, pretende conceder novas fianças e créditos a exportadores alemães e seus clientes russos.

Assassinato da ativista

Russische Menschenrechtsaktivistin Natalya Estemirova
Ativista dos direitos humanos Natalia EstemirovaFoto: AP

A chanceler federal alemã expressou consternação pelo sequestro e assassinato de Estemirova, que classificou como "uma ocorrência inaceitável". A presidência semestral da União Europeia, ocupada pela Suécia, também condenou o ocorrido.

Segundo Medvedev, a ativista "falou a verdade e revelou impiedosamente certos processos que ocorrem no país". Ele considera o crime "uma provocação" e se declarou decidido a esclarecê-lo.

Natalia Estemirova foi encontrada morta na quarta-feira, com tiros na cabeça, na república autônoma russa da Inguchétia, no Cáucaso, pouco após haver sido sequestrada por quatro homens diante da própria casa, na Tchetchênia.

Até mesmo o Kremlim admite que a morte esteja relacionada à sua atividade pró-direitos humanos. A serviço da organização de direitos humanos Memorial, a viúva e mãe de 50 anos de idade investigava irregularidades no sistema penal do país.

Autorrecriminação

Ela fora amiga da jornalista russa Ana Politkovskaia, assassinada em 2006. Assim como esta, Estemirova denunciara torturas, sequestros e assassinatos cometidos desde as guerras na Tchetchênia. Ela saía em busca dos desaparecidos, documentava os casos, ajudava os familiares, organizava ajuda médica e jurídica.

Oleg Orlov, da central da organização Memorial em Moscou, se recrimina: ele sabia que Natalia Estemirova trabalhava em casos que poderiam irritar muito o governo tchetcheno. "Ninguém mais tinha coragem de falar das condições vigentes num regime totalitário. O risco a que estamos nos expondo, a que ela se expôs era grande demais, como agora sabemos. E também somos culpados por sua morte."

AV/dw/dpa/ap/rtr
Revisão: Simone Lopes