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Ativistas yazidis recebem prêmio de direitos humanos da UE

27 de outubro de 2016

Prêmio Sakharov de 2016 é concedido a Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar, que foram raptadas, escravizadas e violentadas pelos jihadistas do "Estado Islâmico". Refugiadas, elas vivem hoje na Alemanha.

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Ativistas yazidis Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar
Foto: picture-alliance/AP Photo/Y. Karahalis/B. Szlanko

As ativistas yazidis Nadia Murad, de 23 anos, e Lamiya Aji Bashar, de 18, ambas vítimas da escravidão sexual perpetrada pela organização terrorista "Estado Islâmico" (EI) no Iraque, receberão este ano o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, principal prêmio de direitos humanos da União Europeia (UE), anunciou nesta quinta-feira (27/10) o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

"Acredito que é uma decisão simbólica e significativa apoiar estas duas sobreviventes que chegaram  à União Europeia como refugiadas, e às quais apoiamos por sua luta pela dignidade e por dar testemunho dessas atrocidades", declarou Schulz. "Estas duas mulheres são um símbolo de que não se deve ter medo do terrorismo. É preciso se proteger com os meios necessários e lutar contra a estratégia de intimidar", disse o parlamentar, acrescentando que a UE deve "apoiar com todos os meios a luta contra a impunidade de quem violar os direitos fundamentais".

Para Murad, que é embaixadora especial da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano, "este reconhecimento do sofrimento das mulheres yazidis e do povo yazidi é uma mensagem profunda ao grupo terrorista EI de que sua desumanidade criminosa é condenada e suas vítimas são homenageadas pelo mundo livre". Ela e Bashar vivem hoje na Alemanha e lutam pela libertação das mulheres que ainda estão em poder dos jihadistas. Calcula-se que elas sejam cerca de 3 mil.

UN Nadia Murad
Nadia Murad disse ao Conselho de Segurança da ONU que os yazidis são vítimas de um genocídioFoto: picture-alliance/abacapress/D. Van Tine

Murad e Bashar, duas jovens pertencentes à minoria religiosa yazidi, que é perseguida, morta e escravizada pelos terroristas, foram raptadas pelo membros do EI em agosto de 2014, quando estes tomaram a cidade natal delas, Sinjar, no noroeste do Iraque. A invasão resultou na fuga de mais de dezenas de milhares de pessoas. Ambas sofreram durante meses como escravas sexuais do "Estado Islâmico".

Murad foi raptada pelos jihadistas em agosto de 2014 e levada para Mossul, principal bastião do EI no Iraque. Murad, atualmente com 23 anos, relata que foi torturada e violada. Ela diz que os jihadistas a obrigaram a renegar a fé yazidi, uma religião pré-cristã com cerca de 1 milhão de seguidores no mundo. "A primeira coisa que fizeram foi nos obrigar à conversão ao islã." Num discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, em setembro, a jovem contou como foi "casada" com um dos jihadistas e que foi humilhada e sofria abusos. "Já não conseguia aguentar mais violações e torturas", disse, ao explicar porque decidiu fugir. Ela disse que os yazidis são vítimas de genocídio.

Bashar tinha apenas 16 anos quando foi raptada. Ela tentou fugir várias vezes durante os 20 meses em que foi mantida refém. Quando finalmente conseguiu escapar do EI, caiu nas mãos do diretor de um hospital em Hawjiah que também abusou dela e a violou, assim como fez com outras vítimas. Com duas outras garotas, ela escapou do hospital. Mas, na viagem para Kirkuk, uma delas pisou numa mina terrestre, que a matou instantaneamente, relatou o médico e ativista yazidi Mirza Dinnayi. Ele trata Bashar desde que ela chegou à Alemanha, em abril. A jovem sobreviveu à explosão, mas sofreu queimaduras no rosto e perdeu o olho direito.

O Prêmio Sakharov, que no ano passado foi dado ao blogueiro saudita Raif Badawi, será entregue em cerimônia em 14 de dezembro em Estrasburgo. Ele é dotado de 50 mil euros. A distinção é concedida anualmente pelo Parlamento Europeu a pessoas que lutam pela defesa dos direitos humanos e pela liberdade de expressão. Criado em 1988, ele teve Nelson Mandela como primeiro contemplado.

PV/lusa/efe/afp/dpa