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Classe média diminui

Agências (as)21 de novembro de 2008

Sociedade alemã tem cada vez mais ricos e pobres e menos pessoas de classe média. Insatisfação com a democracia atinge níveis preocupantes e é maior nos antigos estados comunistas, segundo relatório oficial.

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Homem revolve o lixo na Könnigsalle, uma das ruas mais luxuosas de DüsseldorfFoto: AP

A distância entre ricos e pobres é cada vez maior na Alemanha, segundo dados divulgados esta semana pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis).

Desde o início dos anos 2000, cai a fatia da renda do país que cabe aos 20% mais pobres. Ela era de cerca de 10% na década anterior e diminuiu para 9,3% em 2006. No outro extremo da sociedade, a fatia dos 20% mais ricos – que durante os anos 1990 abocanhavam em torno de 35% da renda – subiu para 36,8% em 2006.

A renda média também subiu pouco entre 2001 e 2006, passando de 1.392 euros para 1.413 euros mensais. "A dimensão da desigualdade de renda alcançou um dos níveis mais altos das últimas décadas", afirma o relatório do órgão oficial de estatísticas da Alemanha.

O documento também confirma outra tendência dos últimos anos: a contração da classe média. "Enquanto as parcelas da população nos extremos mais baixo e mais alto crescem (ao menos nos dois últimos anos), a parcela referente à classe média diminui", diz o Destatis.

Aumento da pobreza

Os estatísticos também afirmam que diminuíram as chances de uma pessoa sair dos níveis mais baixos para os mais altos de renda na Alemanha. Por outro lado, o risco de permanecer bem embaixo "se tornou claramente maior ao longo dos últimos anos".

Entre 2001 e 2006, o percentual da população alemã que vivia na pobreza passou de 11,4% para 13,9% – nos estados do leste, o aumento foi claramente maior, de 15,3% para 22,7%. Na União Européia, uma pessoa é considerada pobre quando integra uma família cuja renda corresponde a menos de 60% da média da população.

Aproximadamente um em cada dez cidadãos que vivem na Alemanha – 8,3% da população – depende de ajuda do governo para viver. Em 2006, o Estado alemão gastou 45,6 bilhões de euros com auxílios sociais. Cerca de 7,3 milhões recebem o seguro-desemprego conhecido como Hartz 4.

Riscos para a democracia

Os problemas enfrentados pelos estados do leste, como a pobreza e o desemprego, têm reflexos na percepção que os cidadãos têm de seu bem-estar e em seus valores, afirma o relatório. Segundo o Destatis, principalmente os habitantes do leste estão insatisfeitos com seus rendimentos e com o sistema social alemão.

A importância dada à democracia também é menor, principalmente entre os desempregados, aqueles com menor nível de estudo e os que ganham pouco. Numa escala de 0 a 10 que mede a satisfação com o sistema democrático, os ocidentais marcaram 5,2 e os orientais, 3,9, o que, segundo o relatório, denota um nível preocupantemente baixo de satisfação com a democracia na sociedade alemã.

"Os resultados mostram que a falta de perspectiva de um grupo da população e a sua desconexão do nível comum de bem-estar podem representar um risco para a democracia", afirma Heinz-Herbert Noll, um dos organizadores do estudo.