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Aumenta confrontação entre Alemanha e EUA

(ef)4 de setembro de 2002

A Alemanha mantém-se na rota de colisão com os EUA. O chefe de governo, Gerhard Schröder, confirmou sua rejeição a uma guerra contra o Iraque. O embaixador americano advertiu para uma piora nas relações bilaterais.

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Gerhard Schröder (direita) e Tony Blair, em rumos opostos na rota contra o IraqueFoto: AP

"No meu governo, a Alemanha não participará de uma ação militar contra o Iraque". Esta foi a resposta do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, às críticas do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, à posição de Berlim contra uma ofensiva militar dos Estados Unidos para derrubar o presidente iraquiano Saddam Hussein. O embaixador americano, Daniel Coats, reagiu horas depois, em Berlim, nesta quarta-feira, dizendo que muitos americanos irão ver essa posição alemã como uma mudança de atitude do governo alemão na luta contra o terrorismo internacional.

Berlim não está sozinho nesse curso de confrontação com a superpotência mundial americana. Também na União Européia aumentam as vozes contra uma ação unilateral dos EUA para derrubar Saddam Hussein, acusado pelo presidente George W. Bush de possuir armas de destruição em massa. A Comissão Européia e deputados de todos os partidos no Parlamento Europeu advertiram Washington contra uma ação isolada contra o Iraque, sem um mandato da ONU.

A pressão para o Iraque permitir o retorno dos inspetores de armas da ONU será eficaz na medida em que tiver apoio amplo e determinado no âmbito internacional, disse o comissário de política externa européia, o britânico Chris Patten. A prioridade deve ser uma ampla coalizão internacional, segundo ele, como na Guerra do Golfo Pérsico, em 1990, para expulsar as tropas do Iraque que ocupavam o Kuweit. O coordenador da política externa da UE, Javier Solana, também se pronunciou contra uma ação americana isolada. Ao mesmo tempo, exigiu uma iniciativa no âmbito da ONU para apaziguar o conflito.

Com todo respeito a Tony Blair

O chefe de governo alemão distanciou-se claramente do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, depois que Tony Blair anunciara compreensão com o desejo americano de derrubar o presidente iraquiano e criticou a sua posição contrária. "Com todo respeito a Tony Blair, mas, assim como eu, ninguém com a sua posição pode falar sozinho pela Europa", disse Schröder. Este se considerou fora de suspeita de faltar com o apoio necessário à luta antiterror, como insinuou Blair e o embaixador americano em Berlim. "Nós temos a segunda maior tropa em todas as ações internacionais nos Bálcãs e no Afeganistão, no contexto da operação Liberdade Duradoura", rebateu Schröder.

Ele apresentou três justificativas contra um ataque militar ao Iraque: seria inteligente e correto manter a coalizão internacional contra o terrorismo, pois uma ação militar contra o Iraque pode abalar essa coalizão; ainda não foi encerrada a operação Liberdade Duradoura (deflagrada pelos EUA em represália aos atentados de 11 de setembro); e, ainda não existe um plano sobre o que fazer depois de uma ação militar e a queda de Saddan Hussein.

Amizade não é subordinação

Schröder não se impressionou com as provas de envolvimento de Saddam Hussein com o terrorismo, que Blair prometeu apresentar nas próximas semanas. Segundo as informações de que dispõe, "não existe uma nova análise de ameaça". Segundo o premiê britânico, Bagdá possui grande quantidade de armas biológicas e químicas e estaria se esforçando também por um bomba atômica.

Schröder não vê motivo para ele próprio informar o presidente Bush sobre sua rejeição aos planos bélicos da Casa Branca contra Bagdá, pois não teria mudado de posição. "Washington é que tem novas metas políticas em vista", justificou. E Schröder não se sente na obrigação de apoiar tais metas, apesar de jurar eterna amizade aos americanos. "Fazer contra a própria vontade o que o amigo quer, não seria amizade, mas subordinação", afirmou.