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Balé de Kassel tem diretora brasileira

Jehovanira Chrysóstomo, de Kassel18 de novembro de 2001

Pela primeira vez, uma brasileira dirige o Balé da Ópera da cidade da Documenta: Ana Mondini, gaúcha de 47 anos.

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A bailarina e coreógrafa brasileira Ana Mondini, de nome completo Ana Maria Piazza Pfitscher da Silva, 47 anos, gaúcha de Porto Alegre, é a nova diretora da Companhia de Balé do Staatstheater Kassel, a Ópera de Kassel, cidade da Documenta, na Alemanha.

Apesar de praticamente desconhecida no cenário alemão, ela foi escolhida entre 40 concorrentes selecionados, bailarinos e bailarinas de várias nações. Além de ser a primeira mulher e estrangeira nessa função depois de muitos anos, é também a primeira diretora brasileira da companhia.

Casada e mãe de três filhos (10, 14 e 20 anos), com cerca de 30 anos de carreira inteiramente montada em São Paulo e apesar de detentora de vários prêmios de dança no Brasil, seu pulo para a Europa deu-se há somente alguns anos. Ela veio trabalhar pela primeira vez na Alemanha em 1996, convidada pelo coreógrafo brasileiro Ismael Ivo para sua assistente de direção na então nova Companhia de Dança do Deutsches National Theater, na cidade de Weimar, localizada no leste da Alemanha, que foi fechada por razões financeiras no ano passado.

Teatro-dança — Agora na direção do Balé de Kassel, ela pretende realizar um trabalho em teatro-dança, fundamentado principalmente em sua formação brasileira, da qual ela diz orgulhar-se particularmente. Pois, segundo ela, é um aspecto muito positivo em seu currículo. Ela explica que o trabalho com a dança no Brasil a motivou a buscar novos conhecimentos também em outras áreas e a empreender muitas pesquisas durante anos.

"No Brasil aprende-se cedo a experimentar. Ou porque não se possui uma especialização absoluta ou por uma questão de sobrevivência. O fato de ser brasileira ajuda-me muito na Alemanha pela minha disponibilidade natural. Aprendi um pouco de tudo no Brasil, a trabalhar com as associações do pensamento e isto me abre para muitas possibilidades."

Carreira — Seu currículo indica uma formação de bailarina muito diferenciada, que inclui também cursos universitários de arquitetura e semiótica. Aos 10 anos de idade, começou a estudar balé clássico em Porto Alegre com a professora russa Marina Fedossejeva e, aos vinte, iniciou a carreira profissional em São Paulo, no Balé Estágio.

Ela explica que lá já se fazia nos anos 70 um trabalho bastante moderno para a época. Depois passou a trabalhar no Balé da Cidade de São Paulo, onde foi solista de 1977 até 1984. Começou a coreografar e fundou sua própria companhia de dança em São Paulo, a República de Dança. Ela se lembra com intensidade desse período de sua carreira no Brasil:

"Quando comecei a coreografar, pesquisei primeiramente o que iria caracterizar o meu movimento, fundamentado em toda minha aprendizagem de bailarina. Trabalhei muito tempo sozinha, fechada em sala, tentando achar minha forma de trabalhar a expressão do corpo. Pesquisei também muitas terapias alternativas de corpo, muitas técnicas fisioterapêuticas e fui agregando tudo a minha forma de ver a dança. E quando vim para a Europa, já vim para fazer teatro-dança."