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Balanço da atualidade político-social brasileira em Berlim

Carlos Ladeira2 de fevereiro de 2002

Organizado pelo Instituto Ibero-Americano e pelo Instituto Latino-Americano da Universidade Livre de Berlim, realizou-se na capital alemã o colóquio "A Sociedade Brasileira no Contexto da Transformação Global".

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O evento, que teve o apoio da Embaixada do Brasil na Alemanha, da Sociedade Teuto-Brasileira e do Instituto Cultural do Brasil na Alemanha (ICBRA), reuniu sociólogos, cientistas políticos e economistas brasileiros, entre os quais: Nadya Araújo Guimarães (Cebrap/Universidade de São Paulo), Adalberto Cardoso (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ), Antônio Sérgio Guimarães (USP), Sérgio Costa (Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Livre de Berlim), Bernardo Sorj (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Jesse Souza (IUPERJ), Bruno Speck (Unicamp), Regine Schönberg (GTZ), Ligia Chiappini (Universidade Livre de Berlim) e Leopoldo Waizbort (USP).

Na pauta de trabalhos estiveram cinco blocos de temas: Globalização, trabalho e representação de interesses; Desigualdades raciais e a transnacionalização do anti-racismo; Estado, cidadania e desigualdade; Políticas de reconhecimento e pluralização cultural; Literatura, memória e identidade.

Foram dois dias de debates intensos, em que, em linhas gerais, se concluiu que o Brasil passou a ser um país melhor, mas que está longe de ser um país ideal, o que é um grande desafio. Combater a violência, aumentar e distribuir a renda serão os grandes desafios brasileiros nas próximas três décadas.

A sociedade brasileira é dinâmica e quer se conhecer melhor. O país ainda continua injusto, mas hoje o brasileiro já reivindica mais para si e para a comunidade em que vive. É isso que poderá tornar a sociedade brasileira mais democrática e menos desigual a longo tempo.

No que se refere ao racismo, registram-se no Brasil focos subjacentes e subliminares de afloramentos racistas aqui e ali. Mas o Brasil está sendo redefinido étnica e culturalmente. O Brasil não se apresenta mais, passivamente, como a grande nação mestiça, capaz de harmonizar diferenças étnicas e socioculturais. As diferenças tendem a abandonar seus respectivos nichos e a se expressar, cada uma a sua maneira, numa dinâmica de nação formada por diferentes grupos, uma nação multicultural, em que cada grupo reivindica sua participação na vida nacional.

Os palestrantes presentes em Berlim são de opinião de que a sociedade brasileira está no caminho certo e tem que atuar em todos os segmentos no desenvolvimento de valores anti-racistas e anti-sociais, atuando simultaneamente dentro das instituições.

Eles foram unânimes ainda em frisar que o caminho do Brasil no futuro será evitar o radicalismo neoliberal até então registrado na América Latina e que nossos agentes políticos e econômicos devem estar atentos para aproveitar as alternativas que o país oferece para chegar a um futuro político-social digno e almejado por todos os brasileiros.

Os resultados do colóquio realizado em Berlim não ficarão longe da opinião pública brasileira. Eles serão transformados em publicações e serão tematizados em diferentes jornais e revistas do país, com os quais os participantes colaboram regularmente.