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Bar em Berlim reúne mais de 100 torcedores brasileiros

Rodrigo Abdelmalack, de Berlim8 de junho de 2002

Dois restaurantes e um bar típicos fazem de quarteirão em Berlim ponto de encontro de brasileiros. Em dia de jogo, a festa pega fogo no bairro de Kreuzberg.

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Goleada acaba em sambaFoto: DW

O bairro de Kreuzberg parece mesmo ser o predileto dos imigrantes em Berlim. A região de Mehringdamm, especialmente, sempre foi passagem obrigatória de brasileiros na capital alemã. Há algum tempo atrás, quando o restaurante típico brasileiro Mapati fechou as portas, o quarteirão dos brasileiros na cidade viu seus dias contados. Mas a vitória foi de virada: dois novos restaurantes e um bar conquistaram o pedaço e neste sábado, dia de jogo, receberam uma legião de torcedores canarinhos.

No restaurante Ipanema, dona, garçons e cozinheiro são brasileiros. A escada imita o calçadão da praia carioca e no verão tem até mesas da Brahma na calçada. O mais novo, Casa do Brasil, pintou a bandeira brasileira em toda a parede externa.

Mas a festa pegou fogo foi no Muvuca, um bar tipo galpão com finalidades sociais. Mais de cem pessoas lotaram a casa para assistir ao jogo como se estivessem na casa do vizinho. Alemão, não se ouvia. "Os brasileiros são mesmo apaixonados por futebol. Os alemães são mais comportados", diz a alemã Constanze Brandorf, que viveu dois anos em Salvador e aprendeu português lá. "Resolvi viajar ao Brasil porque meus pais me fizeram lá enquanto estavam de viagem", conta.

WM, Brasilien gegen China,
Brasileiros comemoram dançando no MuvucaFoto: DW

Muvuca -

O bar existe há um ano e dois meses e procura servir de palco para minorias e culturas estrangeiras em Berlim. "A sociedade brasileira é formada por várias culturas e a finalidade do Muvuca é dar visibilidade a essas culturas", explica Sandra Helena Torres Bello, coordenadora do local. Formada em Pedagogia, atuou em escolas públicas até trocar o Brasil pela Alemanha. Em Berlim, trabalha com brasileiros, buscando ajudá-los a entender seus direitos na nova sociedade.

"Nosso laço cultural permanece, a cultura é como uma mochila, que nós levamos conosco para onde formos", conta Sandra. Para ela, o futebol desempenha aí um papel efêmero. "O futebol é uma oportunidade de torcer pela nossa cultura, mas sem nacionalismo ou racismo, sem pensar que somos melhores ou piores que os outros. Por isso exibimos todos os jogos da Copa do Mundo, sem exceção, não apenas os jogos do Brasil."

Identidade

– Já o torcedor Murah Soares prefere assistir ao jogo junto dos seus. "Gosto de assistir junto com brasileiros, porque sou brasileiro. Aquela alegria, aquele gingo, tem que ser com brasileiro", diz. Além de ter uma escola de dança, Soares organiza o bloco de abertura do Karneval der Kulturen em Berlim, uma festa de rua que representa as diferentes nacionalidades presentes na capital alemã.

Para ele, Kreuzberg tem mesmo algo que atrai estrangeiros. "Os alemães de Kreuzberg são mais amenos. Sempre morei aqui. Há 12 anos cheguei em Berlim e vim para Kreuzberg", recorda.

Mas não é só Kreuzberg. "Berlim é uma cidade superinteressante porque ainda está aberta, não está completamente pronta", lembra Sandra. "Esse encontro, essa vontade de brasileiros e alemães estarem juntos é uma coisa embrionária. Um dia esse bebê vai nascer e essa terra vai aprender a lidar com as diferenças e não simplesmente taxá-las como desigualdades."