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Barroco deverá substituir edifício comunista em Berlim

Simone de Mello21 de dezembro de 2001

Após nove meses de discussão, a comissão internacional "Centro Histórico Berlim" deu sinal verde para a reconstrução do "Berliner Schloss", importante marco da história política e cultural da capital alemã.

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O Palácio da República, edifício que abrigava um centro cultural multifuncional em Berlim Oriental, poderá ser condenado à demolição. Apesar das críticas a um planejamento urbanístico que procura apagar os símbolos arquitetônicos comunistas, uma comissão de políticos e intelectuais responsável pela reurbanização do centro de Berlim decidiu restituir à paisagem urbana um símbolo passadista da história local.

O Berliner Schloss - construído em 1453 e radicalmente reformado pelo "Michelangelo do Norte", Andreas Schlüter, em meados do século 16 - foi residência da nobreza prussiana e sede de repartições públicas e museus durante o nazismo, até ser parcialmente destruído nos bombardeios da Segunda Guerra.

"Símbolo da decadência imperialista"

Em 1951, o governo da Alemanha Oriental decidiu implodir o edifício barroco, seguindo o parecer do historiador e conselheiro ministerial da Zona de Ocupação Soviética, Gerhard Strauss: "Este monumento da reação e do feudalismo, construído por lacaios, é símbolo da decadência imperialista." Apesar das críticas ocidentais ao barbarismo cultural das autoridades comunistas, as ruínas de Schlüter foram eliminadas da paisagem urbana, dando lugar a uma das "casas do povo" da Alemanha Oriental.

Prós e contras

Os defensores da reconstrução da residência barroca querem, sobretudo, restabelecer a unidade urbanística no núcleo histórico de Berlim e uma harmonia em relação às áreas adjacentes, que abrangem a Ilha dos Museus, a Catedral e o Museu Antigo. O Palácio da República comunista cobre apenas parte da área da antiga residência barroca, deixando aberta parte da lacuna gerada pela implosão da obra de Schlüter. Além disso, um centro integralmente antigo funcionaria como contraponto de uma urbe modernizada como Berlim, conforme nota o arquiteto norte-americano Philip Johnson, favorável à reconstrução.

Os opositores da réplica alertam que a indecência da implosão da residência barroca não pode ser simplesmente compensada pela demolição do edifício socialista. Com isso, a história de exclusão cultural estaria apenas se repetindo. Além do mais, a reconstrução seria uma espécie de culto à aura do passado, resultando necessariamente num fake, numa Disneylândia em pleno centro de Berlim.

A comissão "Centro Histórico Berlim" pretende divulgar no início do próximo ano detalhes da sua proposta de reconstrução do Berliner Schloss, que deverá abrigar as coleções de arte não-européia de Berlim. A decisão de reproduzir a escada, a planta e a fachada da residência barroca e criar interiores modernos é consensual. Ao se posicionar a favor da reconstrução, por sete votos contra um, a comissão acirra a discussão em torno de um ponto-chave da memória de Berlim. A proposta mobilizará em breve os críticos do passadismo.