1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Berlim pede à ONU medidas duras contra Síria

8 de junho de 2012

Porta-voz afirma que governo alemão está "chocado" com derramamento de sangue em que provavelmente cerca de 80 pessoas foram mortas de forma brutal. Berlim apela para Conselho de Segurança Mundial.

https://p.dw.com/p/15AsE
In this citizen journalism image provided by Edlib News Network ENN, anti-Syrian regime protesters chant slogans and hold a banner in Arabic that reads, "Al-Qubair massacre challenges the world's humanity," during a protest against the massacre of Mazraat al-Qubair, in the northern village of Hass, in Idlib province, Syria, Thursday June 7, 2012. Syria on Thursday denied as "absolutely baseless" claims by opposition groups about a new massacre in the central Hama province in which government forces allegedly killed dozens of people, including women and children. (Foto:Edlib News Network ENN/AP/dapd) THE ASSOCIATED PRESS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS HANDOUT PHOTO
Foto: AP

O governo alemão apelou nesta sexta-feira (08/06) para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tome providências duras contra governo sírio, após o massacre noticiado na última quarta-feira. O porta-voz da chanceler federal Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que Berlim está "chocado" com o derramamento de sangue em que "provavelmente cerca de 80 pessoas foram mortas de forma brutal".

"Um governo que permite esses atos em seu país perdeu toda a legitimidade. É impensável uma solução política ou fim do conflito com Assad no poder”, complementou o porta-voz, antes de pedir que o presidente sírio abra caminho para uma “transformação pacífica" no país.

Fuga de civis

Numerosos civis sírios estão fugindo de suas casas para escapar dos combates entre forças do governo e rebeldes, informou a Cruz Vermelha nesta sexta-feira. As potências mundiais, divididas de acordo com seus interesses na região, parecem incapazes de criar uma alternativa ao plano de paz do enviado especial Kofi Annan.

Cerca de 300 observadores da ONU estão na Síria para monitorar uma trégua entre as forças do presidente Bashar al Assad e os rebeldes, declarada por Annan em 12 de abril, mas nunca implementada. Agora, as equipes se limitam praticamente a observar a violência, já tendo verificado a ocorrência de um massacre na cidade de Hula, onde 108 homens, mulheres e crianças foram mortos, no dia 25 de maio.

Enquanto isso, o porta-voz dos observadores da ONU, Hassan Siklawi, disse que vai continuar a investigar queixas sobre um segundo massacre ocorrido na província de Hama. Os inspetores conseguiram chegar à aldeia de Kubair para tentar esclarecer as denúncias sobre o assassinato de dezenas de pessoas.

Na quinta-feira, os veículos da ONU sofreram disparos, quando se dirigiam ao local, e um carro foi danificado. Uma semana e meia após o massacre de Hula, a oposição síria denunciou um derramamento de sangue similar ocorrido na quarta-feira em Kubair, com cerca de 80 mortos, incluindo 42 mulheres e crianças. Segundo as fontes, muitos foram espancados e esfaqueados.

Assembleia Geral da ONU
Assembleia Geral da ONUFoto: dapd

Guerra civil iminente

"Cada vez mais civis estão fugindo de suas casas para escapar das lutas, enquanto doentes ou feridos encontram dificuldades para chegar a serviços médicos ou comprar comida", informou Hicham Hassan, porta-voz da Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Genebra.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na Assembleia Geral da quinta-feira que uma guerra civil é iminente e que terroristas "exploram o caos" na Síria, acrescentando, ainda, estarem-se extinguindo as esperanças de se implementar o plano de paz proposto por Annan.

O enviado especial alertou o Conselho de Segurança, afirmando que, de acordo com relatos de diplomatas, em breve a crise poderá estar fora de controle. Annan pediu um "aumento significativo de pressão" sobre Damasco para que a violência venha a ter fim.

Explosões não param

Protestos e conflitos ocorreram por toda a Síria nesta sexta-feira, um dia depois de 31 pessoas terem sido mortas e a agência de notícias estatal ter anunciado os enterros de 29 soldados e integrantes de forças de segurança, vítimas dos insurgentes.

Um carro-bomba dirigido contra um ônibus que transportava agentes de segurança explodiu num subúrbio de Damasco, matando pelo menos duas pessoas, noticiou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Também de acordo com a entidade sediada em Londres, outro carro-bomba atingiu uma delegacia de polícia na cidade de Idlib, no noroeste do país, matando pelo menos cinco.

Ativistas disseram que forças do governo bombardearam e tentaram tomar o distrito rebelde de Khalidiya na cidade de Homs, centro da revolta contra Assad, disparando até dez foguetes por minuto contra o bairro. Vídeos na internet mostram colunas de fumaça cinzenta subindo no ar. Segundo o Observatório, a maioria dos moradores havia fugido da área durante bombardeios anteriores.

A China pediu seja cumprido o plano de paz de Annan, aceito verbalmente tanto por Assad quanto pelas forças rebeldes. "O apoio de todos os lados para o enviado Annan deveria fortalecer, ao invés de enfraquecer”, sublinhou o porta-voz do Ministério chinês do Exterior, Liu Weimin.

Impasse diplomático

Moscou e Pequim condenaram os assassinatos de civis, resistem tanto a qualquer plano para uma transição política forçada quanto a uma intervenção militar. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, afirmou que seu país está disposto a cooperar com todos os membros do Conselho numa conferência sobre o futuro político da Síria. Porém deixou claro que Assad tem que renunciar e seu governo e ser substituído por um regime democrático.

Kofi Annan alerta que situação poderá sair do controle
Kofi Annan alerta que situação poderá sair do controleFoto: picture alliance / ZUMAPRESS.com

Clinton criticou a ideia, defendida por Annan e Moscou, de um grupo de contato que reunirá grandes potências e países importantes na região, incluindo o Irã, aliado estratégico de Assad. A Rússia continua se negando a rever sua posição em relação à Síria, mesmo após a visita a Moscou de um enviado do Departamento de Estado dos EUA, Fred Hof.

Ele se encontrou com os vice-chanceleres russos Gennady Gatilov e Mikhail Bogdanov, no que autoridades norte-americanas disseram ser parte de esforços para levar a Rússia a concordar com uma transição política que incluiria a saída de Assad do poder. Entretanto, Bogdanov afirmou que desconhece planos do presidente sírio para deixar o cargo, deixando claro as intenções russas manter seu posicionamento atual, negando-se a apoiar uma mudança de poder na Síria.

MD/dpa/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente