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Biofach é caminho para Brasil liderar mercado de orgânicos

Marcio Weichert24 de fevereiro de 2005

Brasil é tema da principal feira de produtos orgânicos do mundo. Apex espera dobrar o volume de negócios para cerca de US$ 30 milhões. Camarões são uma das novidades.

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Ministra Künast inaugurou o estande conjunto do Brasil na feiraFoto: NürnbergMesse

O Brasil caminha a passos largos na disputa pela liderança mundial no mercado de produtos orgânicos. A arrancada foi reconhecida pela Biofach, a maior feira do mundo do ramo, que escolheu o Brasil como tema este ano. O estande nacional ocupará 755 dos 70 mil metros quadrados da exposição, em Nurembergue, na Baviera, desta quinta-feira (24/02) a domingo.

Ao todo, 87 produtores e exportadores de orgânicos participam da iniciativa da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex), que desde 2003 já investiu R$ 3,2 milhões para o desenvolvimento do setor no Brasil. A expectativa é de que o investimento no mínimo duplique para US$ 30 milhões o volume de negócios na Biofach 2005, em comparação com o ano passado, quando a delegação brasileira teve a metade de participantes.

Grande potencial para crescer

Juan Quiros, Apex-Chef
Juan Quirós, presidente da Apex

"A comercialização de produtos orgânicos brasileiros cresce 50% anualmente, o que é o dobro da média anual. Além disso, o país possui 87% das novas áreas agriculturáveis mundiais e representa a maior reserva internacional de recursos naturais. Já ocupamos a segunda posição em número de propriedades com lavouras orgânicas, com 19 mil agricultores, a maioria de agricultura familiar", afirma Juan Quirós, presidente da Apex.

A meta não é modesta. Especialistas do setor confiam na capacidade do Brasil de se tornar líder mundial em diversos produtos orgânicos. "O Brasil tem um potencial excepcional para desempenhar papel significativo no mercado mundial, pois o país dispõe de enormes áreas ainda não contaminadas e, portanto, adequadas ao cultivo orgânico. Noventa milhões de hectares ainda estão ecologicamente intactos", ressalta Petra Trommer, da Biofach.

E, dos 300 milhões de hectares cultivados no Brasil, apenas 0,3% (842 mil) adotam normas da agricultura orgânica. Apesar disso, o país ocupa o quinto lugar mundial e o segundo na América do Sul, atrás da Argentina, em área aproveitada para a produção de orgânicos. Por sua vez, a fatia brasileira no comércio mundial do ramo é ainda tímida: US$ 100 milhões do total de US$ 26,5 bilhões em 2004.

Mercado externo exigente

"Que participação o Brasil conquistará no mercado mundial, depende também da evolução da demanda nos países consumidores", observa Petra Trommer, referindo-se aos Estados Unidos, à Europa Ocidental e ao Japão. Na Alemanha, por exemplo, o mercado cresce de 10% a 15% ao ano.

Brasilianische Biocaipirinha bei der Biofach 2004
Caipirinha orgânica brasileiraFoto: Flávia Valsani

Para não perder a oportunidade, o Brasil está investindo na adequação de sua produção e na orientação dos exportadores. "O mercado internacional leva muito a sério as regras da produção orgânica e a certificação é a prova de que o produto segue estas normas", explica Dinah Worisch Mazzo, diretora de Feiras da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), entidade parceira da Apex para a promoção dos orgânicos no exterior.

"Procuramos sempre capacitar os produtores para que eles otimizem ao máximo sua participação nas feiras", acrescenta Thomas Timm, vice-presidente executivo da AHK. Somente para a participação na Biofach, a Câmara organizou dois seminários preparatórios em São Paulo e mais um em Nurembergue na véspera do evento. Para as dicas de última hora, foram convidados o importador líder da Europa e especialistas alemães em logística e assuntos jurídicos.

Carros-chefe da produção orgânica brasileira

Um dos exemplos bem-sucedidos deste esforço em adequar-se às regras internacionais é o da Primar Orgânica, a primeira fazenda de aqüicultura certificada do Brasil. Dono do empreendimento no Rio Grande do Norte, Alexandre Wainberg produz 3,5 mil quilos de camarão por mês, 25% menos do que antes de aderir aos métodos orgânicos, em 2003. No entanto, os preços são 30% a 50% mais altos.

Em sua criação, os camarões vivem em sistema de baixo adensamento e livres de produtos químicos, sendo alimentados com algas e peixes em vez de ração. Em conseqüência, a carne é mais rígida e o sabor mais próximo do camarão marinho.

Além dos camarões, o estande brasileiro apresentará óleos e tecidos orgânicos como novidades. Também serão oferecidos legumes, frutas tropicais, café, mel, açúcar, soja, frango, ovos, carne e laticínios, assim como cosméticos naturais, cachaça, vinho e cerveja orgânicos. Das 87 empresas que participam do estande, 79% são de pequeno porte. Cinqüenta por cento estão situadas no Sudeste e 26% no Sul, mas todos os Estados do Centro-Oeste estão representados, assim como Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.