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BND usou dados coletados para interesses próprios

2 de maio de 2015

Serviço secreto alemão não ajudou apenas a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA a espionar empresas, ministérios e Comissão Europeia, mas também usou a informação interceptada, afirma jornal alemão.

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Murat

O Departamento Federal de Informações da Alemanha (BND) não teria apenas ajudado a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA a espionar empresas, ministérios e agências europeias, mas também utilizou os dados interceptados para seus próprios interesses, afirmou o tablóide alemão Bild neste sábado (02/05).

De acordo com a publicação, citando participantes da comissão de inquérito da NSA, os dados obtidos pelo BND por meio de espionagem foram por vários anos analisados, parcialmente copiados e utilizados em relatórios. Como precaução, porém, as informações sobre cidadãos alemães teriam sido filtradas anteriormente.

Os dados interceptados não seriam somente os chamados metadados, mas registros completos de mensagens de e-mails, além de escutas telefônicas. O jornal diz que a comissão de inquérito agora quer verificar até que ponto o BND teria avaliado as conversas gravadas por meio das interceptações.

Entre os registros interceptados estariam as comunicações em zonas de conflito, como por exemplo, entre Afeganistão e Paquistão, além das de empresas e órgãos europeus ativos no Oriente Médio.

Embaixador dos EUA defende cooperação

Segundo a imprensa alemã, o BND ajudou a NSA a espionar dados de altos funcionários do governo francês, da Comissão Europeia e grandes empresas da Europa. A Airbus, uma das que teriam suas comunicações interceptadas, anunciou na quinta-feira que vai apresentar queixa-crime contra pessoas desconhecidas por suspeita de espionagem industrial.

O vice-presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Ralf Stegner, pediu providências, caso as suspeitas sejam confirmadas. "Ou a chancelaria não sabia de nada ou falhou em relação à supervisão", afirmou à NDR, emissora regional de rádio e TV. "O que seria pior ainda, a chancelaria sabia, mas enganou a opinião pública", acrescentou.

Por sua vez, o embaixador dos EUA em Berlim, John Emerson, defendeu as ações da NSA usando como referência as diferenças culturais. "Os americanos veem como violação da privacidade quando alguém lê suas cartas e e-mails ou escuta os telefonemas", afirmou Emerson ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger neste sábado.

Já os alemães, para Emerson, afirmam que a privacidade foi ferida "quando alguém coleta os dados de comunicação". Sobre o debate em relação ao papel do BND, o diplomata diz ainda que "a cooperação existente entre as nossas agências de inteligência não é segredo".

FC/epd/rtr/afp