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"Boltmania" toma conta do bairro jamaicano de Londres

10 de agosto de 2012

Desde o início dos Jogos Olímpicos de Londres, o bairro de Brixton vive em estado de festa com as vitórias de Usain Bolt e companheiros. A "Boltmania" tomou conta do reduto jamaicano do Reino Unido.

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Foto: DW/Olivia Fritz

Ele está em todos os lugares. Nas camisetas, nos pôsteres e nos outdoors, a imagem do corredor Usain Bolt sorri para a clientela que circula entre as barracas do mercado de Brixton. O homem mais rápido do mundo vende bem e ajuda a levantar a moral desse bairro da periferia, no sul de Londres.

Turistas são raros na região. Brixton não é ponto obrigatório dos guias de viagem e, quando aparece, quase sempre vem com avisos do tipo "cuidado com os batedores de carteira".

Foi aqui que, em 1981, aconteceram as Brixton riots, sangrentas batalhas entre a polícia e os moradores de origem afrocaribenha. No ano passado, diversos carros foram queimados durante os tumultos que tomaram conta da Inglaterra. Brixton pode ser tudo, menos uma área com os típicos clichês very british. Quem desce na última estação da linha de metrô Victoria, encontra o Caribe no meio de Londres.

Brixton é o centro dos jamaicanos na capital britânica. Os primeiros imigrantes chegaram de navio em 1948. Hoje, a comunidade jamaicana está visivelmente estabelecida no bairro, cheio de pessoas com dreadlocks, pôsteres de Bob Marley e o amarelo, verde e preto em bandeiras e cartazes. Os aromas caribenhos e o som do reggae também estão por todos os lados.

Localizado próximo ao metrô, na Electric Avenue, o mercado de Brixton é o lugar para comprar não só coloridas vestimentas, mas também frutas, carnes e vegetais frescos.

Olympia London 2012 100 Meter Männer Usain Bolt
O homem mais rápido do mundo faz a alegria dos jamaicanos em LondresFoto: Reuters

Orgulho jamaicano

Mas, nos últimos dias, as coisas andam um pouco diferentes no mercado de Brixton. Muitos vendedores trouxeram consigo um rádio ou televisor portátil. Do outro lado da cidade, o atleta mais rápido do mundo impressiona o mundo. E ele é jamaicano.

"Usain Bolt acabou de ganhar a prova de classificação para os 200 metros rasos", diz um dos comerciantes, cheio de orgulho, imitando a pose da vitória do campeão olímpico. "Essa prova foi só aquecimento, ele será ainda mais rápido na final", completou, já antevendo a vitória de Bolt, que se confirmaria na noite desta quinta-feira (09/08), depois de ele ter vencido também a prova mais nobre do atletismo, os 100 metros rasos.

Os ingressos para as competições são caros e difíceis de conseguir. No centro de Londres, a Casa da Jamaica oferece ao público telões para acompanhar os Jogos Olímpicos. Mas o local não atrai os moradores de Brixton, que preferem ficar no bairro, onde todos se conhecem. Brixton tem a sua própria "moeda", a libra de Brixton, aceita em diversos estabelecimentos, e até 2004 sediava o Jayday, o festival anual da Cannabis.

Os jamaicanos obcecados por esportes se reúnem regularmente, depois que o mercado fecha, para assistirem às Olimpíadas. "Com muitos amigos e cerveja", disse um dos comerciantes, que prefere acompanhar os jogos no conforto da sua sala.

Outros se reúnem num pub jamaicano, que estava lotado na final dos 100 metros rasos. O público começa a chegar ainda durante o dia, com seus óculos de sol e vestidos com as cores nacionais da Jamaica.

Os moradores de Brixton estão orgulhosos. Seus grandes ídolos estão a apenas alguns quilômetros dali, no leste da cidade. Mas, no fundo, é como se estivessem em Pequim, como nos Jogos de 2008. Usain Bolt e os outros superstars jamaicanos não foram até Brixton. E nada indica que aparecerão por lá.

Autora: Olivia Fritz (mas)
Revisão: Alexandre Schossler