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Bosque dos Sentidos

21 de agosto de 2010

Ao norte de Colônia e a 100 metros de distância das margens do pequeno rio Wupper, lê-se uma placa com os dizeres "Bosque dos Sentidos", que indica ao visitante o caminho em direção ao parque que ali começa.

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A placa indica aos visitantes o caminho ao "Bosque dos Sentidos".
A placa indica aos visitantes o caminho ao 'Bosque dos Sentidos'.Foto: DW/Birkenstock

Algumas dezenas de casas e muita área verde. O bairro Balken, na cidade de Leichlingen, mais parece um pequeno povoado dentro de uma floresta. O rio Wupper desenha a paisagem com suas curvas esculturais e a 100 metros de distância de suas margens, no meio do bosque, ouve-se o barulhinho do córrego Murbach, seu afluente, onde a placa "Bosque dos Sentidos" indica ao visitante o caminho em direção a um grande parque: habitat de pássaros como os martim-pesacadores, melros d'água e de uma numerosa espécie de libélulas e morcegos.

Já na entrada, o visitante se depara com uma paisagem insular pitoresca, resultado de uma cooperação entre Wiecze Braun e Wolfgang Brudes, que construíram o cenário com as próprias mãos: "Este é o antigo tanque para criação de carpas, aqui a água era represada para os moinhos", conta Braun. Antigamente era possível manter desta forma os moinhos em atividade, quando as águas do Murbach não eram mais suficientes.


O bosque é um hábitat natural de uma numerosa espécies de libélulas, pássaros e morcegos.
O bosque é um habitat natural de uma numerosa espécies de libélulas, pássaros e morcegos.Foto: DW/Birkenstock

Interseção entre natureza e arte

O Bosque dos Sentidos oferece mais do que esse complexo insular paisagístico. Ao lado do antigo tanque de criação de carpas, hoje cheio de lírios d'água e gramíneas e povoado por algumas famílias de patos, estão as trilhas pela floresta rumo ao topo da montanha. À beira do caminho e espalhadas entre às árvores, há figuras e esculturas de diferentes materiais.

Braun cresceu nesses cinco hectares de terra. Depois da morte de seus pais, que cultivavam as terras, ela transformou a área, ao lado de Wolfgang Brudes, nessa fabulosa paisagem. A proposta era a de enriquecer a natureza através da arte, em um lugar que exala história.

Os muros são datados do século 15. Originalmente havia ali um moinho, que durante os últimos séculos foi usado para diversos fins. Em 1856, foi construída uma fábrica, ainda hoje existente, em cima desses muros. Primeiro funcionou ali uma tecelagem de lã. Depois da Primeira Guerra Mundial, foram produzidas no local até mesmo próteses para mutilados de guerra. Há quem diga que no vale do Murbach também já foi impresso dinheiro.

Ritual anual


Em 1993, quando Braun e Brudes começaram a remodelação do terreno, muitas árvores altas tiveram que ser derrubadas, o que fez com que sobrasse muita madeira, a ser aproveitada. O casal resolveu então sair em busca de um artista que pudesse dar vazão às suas ideias. Foi quando encontraram três escultores, com os quais fizeram a primeira exposição no Vale do Murbach. Até hoje, mais de 70 artistas já expuseram suas obras no local.

Para transformar sua imaginação em realidade eles saem à busca do pedaço ideal de madeira.
Parque de esculturas com entrada gratuitaFoto: DW/Birkenstock

De maio até o fim do outono europeu, o Bosque dos Sentidos permanece aberto ao público, com exposições temáticas que se renovam a cada ano. Em 2009, as mostraram giraram em torno de "mitos"; este ano, o tema escolhido foi "tolices".

Wolfgang Brudes gosta especialmente da obra de Wilfried Beitz, uma escultura de madeira do tamanho de uma pessoa de estatura média. A figura ilumina uma edificação, na qual esqueceram de construir janelas. "A gente olha e percebe na hora o que a imagem quer passar. Essa obra tem, através de recursos minimalistas, uma grande força de expressão", diz Brudes.

Cultura para todos


Entre 30 e 40 mil pessoas visitam o Bosque dos Sentidos a cada ano. A entrada é gratuita. Ao invés de cobrar ingresso, os proprietários pedem uma pequena contribuição financeira aos visitantes. Desta forma, o parque é mantido, além de contar com verbas de uma associação mantenedora fundada pelos próprios proprietários. No entanto, os jardins e o paisagismo não são tudo o que o local tem a oferecer.

No verão, há exibições de cinema ao ar livre e uma parte da casa é regularmente aberta para eventos culturais. No andar de baixo do moinho, fica a casa de máquinas da antiga tecelagem. Hoje, esses 200 metros quadrados são usados para concertos, apresentações de teatro e leituras. Para que esse lugar especial seja mantido, o Bosque dos Sentidos deverá tornar-se, no futuro, uma fundação cultural: um presente dos idealizadores do projeto à população.

Autor: Günther Birkenstock (la)

Revisão: Soraia Vilela