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Brasil é destaque da Art Frankfurt

Neusa Soliz27 de abril de 2003

A Feira de Arte de Frankfurt, de 27/04 a 1º de maio, destaca este ano a arte contemporânea brasileira, especialmente 15 artistas jovens de Brasília e o grupo Linha Imaginária, que organiza projetos em todo o país.

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Cartaz da 15ª Feira de Arte de Frankfurt

Além de constituir um espaço de comercialização de obras artísticas, a Art Frankfurt também apresenta exposições especialmente concebidas para mostrar aspectos da criação contemporânea. Na série denominada Curator's Choice, que convida jovens curadores a trazer a sua seleção para Frankfurt, este ano o Brasil foi o país escolhido, após Estados Unidos (2001) e Rússia (2002), ficando a mostra a cargo de Tereza de Arruda.

Tendo realizado várias exposições na Alemanha, a curadora paulista Tereza de Arruda pensou em trazer "algo inusitado, que nunca tenha sido trabalhado e investigado na Alemanha", como expôs à DW-WORLD. Sua escolha recaiu sobre 15 artistas jovens nascidos ou residentes em Brasília há muitos anos. Eixo Brasília inclui trabalhos em fotografia, vídeo e arte-informática.

A multiplicidade da linha imaginária

Uma vez que a produção de arte contemporânea brasileira se concentra em São Paulo e no Rio de Janeiro, havendo ainda vários focos espalhados pelo país, Tereza de Arruda trouxe a Frankfurt também o grupo Linha Imaginária. "Ao trabalhar com artistas de todo o Brasil, organizando mostras coletivas que percorrem o país, o grupo constitui o contraponto ideal à produção de Brasília", segundo a curadora.

A melhor maneira de apresentar a diversidade artística do Linha Imaginária foi editar um CD-ROM especialmente para a feira, documentando todas as exposições realizadas pelo grupo desde o início do projeto. Este incluiu uma exposição prévia dos trabalhos selecionados, que se realizou, de 10 de fevereiro a 23 de março, no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, em Brasília. No estande de 60 metros quadrados do "Linha", montado como um centro de convivência, os visitantes dispõem de computadores para observar os trabalhos, uma vez que o CD-ROM equivale a um mapeamento da produção artística atual no Brasil.

Artistas e obras

A cidade de Brasília é o ponto de partida para boa parte das obras, como o Turista Censurado, de Clarissa Borges, que abstrai os monumentos e símbolos nacionais, priorizando a região como era antes da construção da cidade. Ou então o vídeo Ermos Urbanos II, de Elyeser Szturm, que fixou os vazios urbanos em suas imagens. Milton Marques voltou sua câmara para o céu, enquanto Marta Penner projeta várias salas de visitas de todos os níveis sociais de Brasília, em sua Casa de Cômodos.

Andréa Campos de Sá representa em sua obra o sujeito na auto-representação fotográfica. Cila MacDowell usou a câmera como um espelho para a própria imagem. Outros enfoques deram os outros integrantes do grupo, Ana Miguel, Chico Amaral, Gê Orthof, o fotógrafo Joaquim Paiva, José Eduardo Garcia de Moraes, Karina Dias, Ralph Gehre, Walter Menon e o Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos.

Linha Imaginária, por sua vez, mostra trabalhos do realizador de máquinas Carlos Eduardo Costa, do desenhista Fernando Cardoso, que trabalha com nanquim e aquarela, passando pela desconstrução das imagens fotográficas de Orlando Maneschy, até a obra com elementos oriundos da costura de Thereza Salazar. O grupo é coordenado por Sidney Philocreon e Monica Rubinho.

Face Migration e mais brasileiros

A curadora trouxe ainda a Frankfurt um projeto especial: Face Migration - Vistos, de Luzia Simons, que já exibiu os 100 retratos com as faces da migração em 2002, em Stuttgart, onde reside, cidade que tem uma cota de 30% de imigrantes em sua população. A partir da associação de Pass (passaporte, em alemão), com passagem e transitoriedade, a artista brasileira teve a idéia de retratar imigrantes de vários países, a partir de um primeiro trabalho em que usou reproduções das páginas de seus passaportes. Ampliados, os retratos estiveram expostos em uma passagem envidraçada de um prédio, na principal praça da cidade.

Este trabalho tem uma certa semelhança com outro, também baseado em retratos, que Alex Fleming apresentou tanto na Alemanha como no metrô de São Paulo. Fleming, assim como Isabelle Borges, ambos residentes em Berlim, são dois artistas brasileiros que já fizeram nome na Alemanha. Suas obras serão apresentadas em Frankfurt pelas galerias alemãs Blickensdorf e Brigitte Utz, respectivamente.

A participação brasilera inclui ainda duas galerias: Gravura Brasileira e Thomas Cohn, que trouxeram uma seleção de trabalhos dos artistas que representam. E last but not least, o Museu de Arte Moderna de Frankfurt apresenta The Southern Cross, um trabalho de 1970 do consagrado Cildo Meireles: um cubo de poucos centímetros de dimensão, composto de dois tipos de madeiras que, friccionadas, podem produzir fogo. Ele está situado num espaço de 360 metros quadrados. Segundo o artista, a verdadeira obra de arte é o espaço vazio em torno do cubo que, como sua "aura", constitui um "campo de força explosivo".