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Encontro Econômico

31 de maio de 2010

Atraso no cronograma de organização da Copa do Mundo é um dos assuntos em debate em Munique. Três ministros alemães comparecem ao painéis do primeiro dia do Encontro Econômico Brasil-Alemanha.

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Primo, Pfaffenbach, Zoller, Waldemar de Souza, Ole Schröder, Stephan Reimelt e Marcelo LacerdaFoto: SXHEUSER/AHK-SP

Um dos temas em foco nesta nesta segunda-feira (31/05) no Encontro Econômico Brasil-Alemanha em Munique foi a crítica de Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, de que o Brasil estaria atrasado no cronograma da Copa.

Adilson Primo, presidente da Siemens no Brasil, admitiu o problema. "Nos falta um masterplan. Tentamos discutir isso no ano passado com o governo federal. Sem um plano é preciso um esforço muito maior para coordenar a organização".

Segundo Primo, há um atraso de seis meses na construção dos estádios, cujas licitações deveriam ter sido encerradas até o final de 2009, mas isso só está ocorrendo agora. Além disso, segundo ele, houve uma demora muito grande na definição dos projetos para os transportes urbanos.

Mas Primo vê a crítica sob o ponto de vista positivo: "Valcke deu o grito de alerta, o Brasil ainda pode recuperar o atraso". Também Marcelo Lacerda, da Lanxess no Brasil, se disse otimista, apesar de ver a eleição de outubro no Brasil como um desafio, que segundo ele "traz um componente extra de desordem nesse processo".

Deutsch Brasilianische Wirtschaftstage 2010 in München
Bernd Pfaffenbach e Miguel Jorge durante o encontroFoto: SXHEUSER/AHK-SP

Ele disse que a Alemanha "realizou a melhor Copa dentro e fora dos gramados e queremos este modelo de sucesso no Brasil. "Vai dar tudo certo se conseguirmos juntar o pensamento cartesiano do germânico com o espírito flexível e a dinâmica do brasileiro", afirmou.

O ministro brasileiro Miguel Jorge se mostrou otimista. "Há 15 dias ainda estavam sendo terminadas obras do hotel da seleção brasileira na África do Sul. Acreditamos que estaremos dentro do cronograma. Uma eleição é um processo natural numa democracia e não pode ter influência [na organização da Copa]", salientou.

Iniciativa WinWin

Construir estádios sustentáveis e que respeitem o meio ambiente e ao mesmo tempo garantir o transporte e a segurança na Copa no Brasil foram prioridades apresentadas em Munique pela iniciativa teuto-brasileira WinWin, que engloba mais de cem empresas.

Enquanto o Brasil busca investimentos, a Alemanha salienta sua competência em inovação e sustentabilidade e sua experiência na organização de grandes eventos, como a Copa 2006 e os Jogos Olímpicos de 1972.

Dois exemplos de parceria foram concretizados no primeiro dia do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, iniciado neste domingo na capital da Baviera. O primeiro é um memorando de entendimento acertado entre os ministérios dos Transportes da Alemanha, dos Portos do Brasil e a administradora portuária alemã Duisburger Hafen.

Pedro Brito, ministro chefe da Secretaria Nacional dos Portos, explicou que o acordo prevê a cooperação de longo prazo no setor portuário brasileiro. Especialmente para o porto de Santos, deve ser desenvolvido um conceito de plataforma logística, disse Brito. Além disso, prevê a cooperação entre o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias, do Brasil, com o órgão análogo na Alemanha.

Deutsch Brasilianische Wirtschaftstage 2010 in München
Brüderle foi um dos ministros presentes ao eventoFoto: SXHEUSER/AHK-SP

Outro acordo selado nesta segunda-feira é uma joint venture de segurança e defesa entre a brasileira Odebrecht e o grupo aeronáutico EADS.

Cooperação policial

Outra cooperação acontece no setor de segurança pública. "Por mais refinada que seja a tecnologia, ela não substitui um policial bem treinado" destacou Ole Schröder, do ministério alemão do Interior. Ele falou sobre a cooperação teuto-brasileira no setor de segurança para a Copa, em especial na área de comunicação digital por rádio, técnica criminal e segurança nos aeroportos e transportes.

Segundo ele, a estrutura federalista semelhante de Brasil e Alemanha facilita este trabalho, pois as autoridades de segurança estão sob jurisdição estadual e federal nos dois países. As sugestões para um trabalho conjunto foram apresentadas em março em Brasília e, há duas semanas, uma delegação brasileira esteve na Alemanha para intensificar a troca de ideias, assinalou.

Expectativas do turismo

O objetivo da iniciativa WinWin é abrir caminho, especialmente a empresas alemãs de médio porte, visando especialmente a Copa e os Jogos Olímpicos, explicou Stefan Zoller, presidente do Brazil Board na Confederação das Indústrias Alemãs (BDI).

O secretário executivo do Ministério do Esporte do Brasil, Waldemar de Souza, falou das expectativas do Brasil em relação aos impactos da Copa 2014 sobre a economia. Segundo um estudo do Ministério, o Mundial de Futebol agregará 183,2 bilhões de reais à economia brasileira entre os anos de 2010 e 2019.

Só os projetos dos 12 estádios representam um volume de 5,7 bilhões de reais. Os 53 projetos previstos nas áreas de mobilidade urbana e sistemas de transporte público representam outros 11,7 bilhões de reais, enquanto em portos e aeroportos o volume será de 5,5 bilhões de reais.

Na área de turismo o estudo do ministério e da Embratur prevê um afluxo de 600 mil turistas estrangeiros em junho e julho de 2014. Uma perspectiva otimista, já que nos mundiais anteriores se contou uma média de 500 mil turistas.

Deutsch Brasilianische Wirtschaftstage 2010 in München
Marcelo Lacerda, da Lanxess: otimista em relação à CopaFoto: SXHEUSER/AHK-SP

Além deles, espera-se que 3,1 milhões de brasileiros viajem pelo país. Waldemar de Souza explicou que até o momento estão garantidos 28,8 bilhões de reais em investimentos na Copa brasileira: 5,6 bilhões do comitê organizador e 23,2 bilhões dos governos federal, estaduais e municipais.

Bernd Pfaffenbach, secretário de Estado do Ministério alemão da Economia e Tecnologia, destacou o pioneirismo da Alemanha em várias áreas durante a Copa 2006, o primeiro Mundial "verde". Também a combinação do bilhete de transporte urbano conjugado com o ingresso para os jogos foi pioneira no mundo, salientou Pfaffenbach, que gostaria de aplicar essas experiências ao Brasil.

Três ministros alemães no encontro

A importância do Brasil como parceiro da Alemanha foi evidenciada com o comparecimento ao evento, nesta segunda-feira, de vários ministros alemães, a diferentes painéis.

O primeiro foi Rainer Brüderle, da Economia, que iniciou seu pronunciamento mostrando uma flor feita a partir de um copinho plástico, que ganhou há um mês em sua visita ao Brasil. A flor lhe foi dada por crianças de uma escola mantida por um padre franciscano alemão.

"Graças a uma iniciativa privada, elas têm uma perspectiva para suas vidas", disse o ministro. Segundo ele, a visita a essa escola que abriga 1.200 crianças o impressionou. Para Brüderle, as crianças representam a esperança, a dinâmica, o otimismo e a alegria de viver do Brasil.

Já em seu pronunciamento, o ministro alemão dos Transportes, Peter Ramsauer, anunciou que está preparando uma viagem ao Brasil. Ele será o quarto ministro alemão a visitar o país este ano.

O ministro das Relações Exteriores e vice-chanceler federal, Guido Westerwelle, salientou que o grupo de trabalho Brazil Board na Confederação das Indústrias Alemãs (BDI), é "o segundo em seu gênero na Alemanha, mostra a importância das relações econômicas entre Alemanha e Brasil".

Autora: Roselaine Wandscheer
Revisão: Alexandre Schossler