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Brasil propõe preços diferenciados para medicamentos contra Aids

11 de julho de 2002

Paulo Teixeira, do Ministério de Saúde do Brasil, falou à Deutsche Welle em Barcelona, onde participa da 14ª Conferência Internacional sobre Aids.

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O Brasil assinou em Barcelona um convênio com a Iniciativa Internacional para a Vacina contra Aids (IAVI). Em sua entrevista à Deutsche Welle, Paulo Teixeira acentuou que um dos objetivos do programa brasileiro nesse setor é desenvolver a capacidade tecnológica do país, deficiente como a de outros países em desenvolvimento, se comparada à dos países industrializados.

Deixou claro, porém, que a experiência coletada pelo Brasil em 20 anos de trabalho com a Aids é "indispensável para o avanço do estudo das vacinas". Trata-se, em suas palavras, de experiência nos setores clínico, epidemiológico e comportamental, cujo valor não deve ser subestimado.

Críticas à indústria farmacêutica —

A resistência dos grandes laboratórios contra a produção de genéricos é, na opinião de Teixeira, contraproducente. A característica da indústria de genéricos, diz, é justamente colocar os medicamentos ao alcance de todos, depois que as grandes companhias tenham obtido todos os lucros a que tinham direito.

Dos 250 milhões de dólares que o Brasil aplica anualmente em medicamentos contra a Aids ao ano, 150 milhões de dólares vão para produtos fabricados pelos grandes da indústria farmacêutica.

Preços diferenciados —

O coordenador do programa brasileiro da Aids não contesta a necessidade de os laboratórios terem retorno para os altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Necessário — e esta é a proposta do Brasil à comunidade internacional — seria o estabelecimento de preços diferenciados.

A esperança de Teixeira é que os países em desenvolvimento cheguem a acordos que incluam as companhias farmacêuticas, governos, organismos internacionais e produtores de genéricos, no sentido de estabelecer preços acessíveis aos países que podem pagar e disponibilizar recursos para aqueles que não têm meios para a compra de medicamentos.

Ele defende que "as companhias têm que limitar suas ambições de lucros, têm que reconhecer que é uma nova era, e que os países precisam ter preços compatíveis com sua situação financeira".

MInistra alemã elogia o Brasil

Nesta quinta-feira (11), a ministra alemã da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczorek-Zeul rebateu acusações de que a Alemanha não faz esforços suficientes no combate à enfermidade. Na conferência de Barcelona ela lembrou que o governo alemão reserva por ano 300 milhões de euro para o combate à AIDS no mundo. Wiczorek anunciou que a Alemanha aumentará em 50 milhões de euros sua contribuição para o Fundo Global contra a AIDS, Malária e Tuberculose, fundado no ano passado por iniciativa do secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Até agora, o governo alemão destinara 150 milhões para o fundo nos próximo cinco anos.

Em entrevista à Deutsche Welle, a ministra, que fala muito bem o espanhol, elogiou o programa brasileiro como sendo "excepcional". Talvez por isso mesmo a cooperação da Alemanha em programas de combate à AIDS está mais concentrada em países do Caribe.(lk)