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Brasil registrou 59 mil homicídios em 2015

5 de junho de 2017

Relatório do Ipea aponta que jovens e negros são maiores vítimas da violência. Nordeste concentra municípios mais violentos

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Brasilien Symbolbild Sao Paulo Kriminalität Mord Gewalt Patronenhülsen Waffen
Foto: Getty Images/Y. Chiba

O Basil teve em 2015 uma taxa de homicídios de 28,9 a cada 100 mil habitantes, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No ano, foram 59.080 homicídios.

Segundo o instituto, "apenas em três semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017, que envolveram 498 atentados, resultando em 3.314 vítimas fatais”.

Segundo o levantamento, o Sudeste, que era a região mais violenta do país em 2005, foi ultrapassado em larga medida pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. São Paulo, por exemplo, viu sua taxa de homicídios sofrer uma redução de 44,3% entre 2005 e 2015. Já o Rio Grande do Norte registrou a maior variação: um crescimento de 232%.

Os dados também mostram que um apenas 111 dos municípios do país (apenas 2% do total) concentram metade dos homicídios ocorridos no país em 2015, apesar de concentrarem apenas 19,2% da população nacional.

Entre as trinta cidades com as maiores taxas de homicídio em 2015, se considerados apenas os municípios com mais de 100 mil habitantes, dezoito ficam na região Nordeste. Outras quatro ficam no Norte. O Centro-Oeste aparece com quatro. O Sul, com duas. Apenas uma fica no Sudeste.

Entre essas cidades, Altamira, no Pará, aparece com a maior taxa, 105,2 por grupo de 100 mil habitantes - enquanto a média Brasileira foi de 28,9 em 2015. Já a cidade com a menor taxa foi Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, que registrou 3,1 por 100 mil habitantes. O Ipea chamou a atenção para as diferenças sociais entre as duas cidades.

Enquanto a catarinense tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,803 - considerado alto -, a paraense tinha de 0,665 . visto como médio. E enquanto no primeiro município o percentual de indivíduos com 18 anos ou mais de idade com o ensino fundamental completo era de 68,7%, esse indicador era de 46,1% em Altamira, sendo ainda que a renda per capita no primeiro município era mais do que o dobro da do segundo.

Jovens e Negros

O levantamento aponta ainda que dos 59 mil homicídios em 2015, 3.320 foram em decorrência de intervenção policial. O documento informa ainda que em 2015 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres. Do total de mortes no país, 71,9% dos casos tiveram emprego de arma de fogo - na Europa, esse índice foi de 21% no mesmo ano.

O levantamento chama a atenção ainda para o número de homicídios entre jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos. Em 2015, eles responderam por 47,8% dos óbitos. Num recorte de 15 a 19 anos, a participação chega a 53,8%. Os números foram baseados em registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

O documento destaca ainda que os negros estão mais sujeitos à violência no Brasil. De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros cresceu 18,2%, a mesma taxa teve queda de 12,2% entre a população não-negra. O IPEA aponta ainda que cidadãos negros têm um risco 23,5% maior de sofrer assassinato em relação a outros grupos populacionais. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Apesar de trazer dados de 2015, o relatório do Ipea fez algumas observações sobre a situação em 2017. Logo na abertura, o relatório cita episódios recentes de violência, como as rebeliões em presídios nas regiões Norte e Nordeste no início do ano, que deixaram mais de uma centena de mortos, e o caos provocado pela greve da Polícia Militar do Espírito Santo.

"O cenário supramencionado representa a continuidade da crise na segurança pública, que veio se agravando nos anos anteriores (...), e a incapacidade e o descompromisso do Estado brasileiro para planejar, propor e executar políticas penais e no campo da segurança pública minimamente racionais, efetivas e que garantam os direitos de cidadania e que, em última instância, reflitam a leniência e a condescendência da sociedade brasileira com a criminalidade violenta letal", aponta o relatório.