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Brasileiros da Bundesliga elogiam seleções canarinho e alemã

Marco Justo Losso e Marina Wentzel15 de novembro de 2001

De barriga cheia, as seleções alemã e brasileira comemoram a classificação para a Copa do Mundo de 2002, na Coréia e Japão.

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Rudi Völler, assim como Luís Felipe Scolari, conserva um bigode grisalho e o ar de professor. Felipão, tal qual o técnico gringo, suou para conseguir a classificação e pode agora respirar sossegado. Depois do 3 a 0 sobre a Venezuela, o único tetracampeão mundial escapou bonito do vexame de ficar de fora da Copa de 2002.

Na visão de jogadores brasileiros que atuam na Alemanha, as equipes saíram-se muito bem. "As duas jogaram aquele futebol que lhes é característico. O Brasil mostrou arte em campo com dribles, enquanto a Alemanha com jogadas aéreas deixou claro que seu jeito é ser objetiva", avaliou Dede, do Borussia Dortmund.

Uníssono, Róbson Ponte, do Wolfsburg, completou: "O gingado e o drible com classe é coisa do futebol-arte do Brasil. O jogo da Alemanha é feito de força. As duas seleções fizeram boas partidas cada qual no seu estilo."

Analisando especialmente a equipe germânica, o atacante do Bayern de Munique Giovane Élber acredita que "fazia tempo que não se via a seleção jogar dessa forma". "Aos 15 minutos já estava 3 a 0. Eles mostraram muita vontade de ganhar a partida", considerou. Ponte não discorda: "A equipe alemã mereceu a classificação por ter jogado muito mais e com muito mais garra que a Ucrânia."

Após a vitória em Dortmund, agora a Alemanha discute o seu futuro. Paira no ar a polêmica sobre a presença predominante de craques estrangeiros no país. Não seria a hora de limitar o número de jogadores "importados" a fim de incentivar os talentos nacionais?, perguntam-se os dirigentes esportivos do país. Karl-Heinz Rummenigge, do Bayern de Munique, é um dos que defende com afirmação essa "pergunta que não quer calar".

"De certa forma eles tem razão", acha o atacante Róbson Ponte. "O Brasil investe em categoria de base e é surpreendente que a Alemanha, um país tão rico, não faça isso também", observa. E completa: "Se eles (os alemães) não investirem em novos talentos em breve, vão ter problemas. Não haverá craques para a equipe nacional."

O mineiro Dede contrapõe-se à opinião de Ponte. Para ele, "isso não tem nada a ver; novos talentos sempre vão aparecer; pode ter 10 mil ou apenas um estrangeiro no país".

Élber concorda com Dede ao constatar que essa "é uma discussão quente" e ao ponderar: "A Espanha também tem muito jogador de fora e o nível do futebol nacional não piorou. A seleção foi uma das primeiras classificadas na Europa."

Seleção Brasileira -

O artilheiro de Munique acompanhou a vitória do Brasil sobre a Venezuela e acredita que o time revelou seu caráter. "A seleção mostrou que quando está sob pressão pode jogar bonito", expressa Élber, comparando a apresentação brasileira com a alemã. "O jogo já estava definido no primeiro tempo", concluiu.

Sobre uma mudança na comissão técnica da equipe, o jogador acha "um pecado", ruim para o conjunto. "O Felipão não teve tempo nem tranqüilidade para trabalhar, não deu para mostrar completamente sua capacidade", ressalta o atacante. A possibilidade de Scolari vir a ser substituido não preocupa muito o jogador do Bayern. "Não será um problema, estou sempre à disposição da seleção. O Felipão já me conhece e acredito numa nova convocação, independente do treinador."

Repercussão na Alemanha -

Os veículos de comunicação alemães destacaram a atuação do atacante Luizão, na vitória de 3 a 0 sobre a fraca Venezuela. As agências relatam a festa do povo nas ruas e nos botecos das principais cidades com "o fim do pesadelo" da seleção canarinho.

Apesar da negativa de Scolari, os alemães anunciam possíveis reformas no comando técnico da equipe brasileira, com a provável saída do treinador, referindo-se a artigo do jornal O Estado de S. Paulo.

Utilizando declarações de especialistas da mídia brasileira, como o ex-jogador Falcão, a imprensa alemã ressalta a alegria pela vitória e a preocupação com o futuro. Os alemães também destacaram o empate do Uruguai com a Argentina e o embarque da seleção celeste para Melbourne, na disputa pela vaga na repescagem contra a Austrália.