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Cúpula do G20

24 de setembro de 2009

No encontro de cúpula do G20 nos EUA, chefes de Estado e governo das principais economias do mundo pretendem adotar medidas concretas para tornar o sistema financeiro mundial seguro contra crises.

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Encontro em Pittsburgh é terceira cúpula do G20

Pittsburgh sedia nesta quinta e sexta-feira (24-25/09) o terceiro encontro de cúpula do G20. Os encontros anteriores do grupo dos principais países desenvolvidos e emergentes aconteceram em Londres e em Washington.

O primeiro, em novembro do ano passado em Washington, tratou principalmente de evitar o pânico nos mercados financeiros mundiais. Definiu-se um pacote com mais de 40 medidas para afastar o monstro da crise. Cinco meses mais tarde, no início de abril deste ano, o bloco reuniu-se novamente em Londres.

A recessão já havia se alastrado pelo mundo. Em resposta, os 20 países mobilizaram a incrível soma de 1,1 trilhão de dólares, para ajudar países mais pobres a superar a crise e fazer o comércio mundial funcionar novamente.

Bom pretexto para grandes declarações: o primeiro-ministro britânico falou de um "dia em que o mundo se reuniu para revidar a recessão global". E não com palavras, "mas com um plano de recuperação mundial e de reformas, com cronograma para sua aplicação".

"Dar fim à loucura dos bônus"

Pôr o cronograma em prática revela-se uma tarefa difícil. Pois bancos salvos com dinheiro estatal voltaram a ganhar bilhões e pagar bônus altos. E, no entanto, a análise é unânime: bônus excessivos – originados em estímulos falsos e de curta duração – constam como uma das principais causas da crise.

Por ocasião de um encontro de ministros das Finanças da União Europeia, o ministro sueco Anders Borg resumiu a questão: "Os bancos festejam como se estivéssemos em 1999, mas estamos em 2009". A loucura dos bônus deve ter um fim, "o mais tardar em Pittsburgh".

Há consenso sobre a questão entre os europeus, que falarão com uma só voz em Pittsburgh. No entanto, não se sabe se será possível pôr fim à prática dos bônus em Pittsburgh. Pois principalmente o presidente norte-americano Barack Obama enfrenta a resistência crescente de Wall Street contra o que se considera uma intervenção estatal demasiada.

Mas Obama sabe que "sem uma reforma, os bancos retornarão a seus antigos padrões de comportamento". Talvez será ainda pior, "porque eles vão apostar no fato de que o governo os salvará de qualquer forma e, por esse motivo, poderão correr riscos ainda maiores", declarou Obama.

Fim da chantagem por parte dos bancos

Em Londres, o G20 anunciara que futuramente nenhum produto ou mercado financeiro deveria ficar sem regulação e controle. Agora, em Pittsburgh, as decisões do encontro de Londres deverão ganhar também caráter compromissório. Pois somente assim poderão ser implementadas pelos governos dos diversos países.

A premiê alemã Angela Merkel exige novas regras de crescimento sustentável e quer alcançar que os Estados se tornem menos sujeitos a chantagens do gênero: ou o Estado nos ajuda nas próximas 12 horas, ou todo o sistema financeiro entrará em colapso. "Devemos chegar a um acordo internacional sobre o assunto, porque um Estado sozinho não é capaz de fazê-lo, quando um banco vai à bancarrota como o Lehman Brothers há um ano, por exemplo", disse Merkel.

Brigas são esperadas em Pittsburgh

Merkel, que está em campanha para se reeleger, também acusou os bancos de nada haver aprendido com a crise. Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank, rebateu a crítica.

Segundo Ackermann, houve um reordenamento entre os bancos, já não se percebe uma suposta predominância das instituições anglo-saxãs. Pelo contrário, "enquanto na Alemanha ainda se discute uma consolidação dos bancos regionais públicos, os bancos dos países emergentes perfazem hoje mais de um quarto da capitalização de mercado dos 25 maiores bancos do mundo", disse Ackermann.

Em Pittsburgh também será discutida uma assim chamada "estratégia de saída": quando se deve parar com as ajudas bilionárias à economia e começar a amortizar o imenso monte de dívidas, de forma controlada e sem pôr em risco a incipiente retomada do desenvolvimento?

Essa pergunta não é o único possível motivo de discórdia na cúpula do G20. Por isso, não são poucos os observadores a acreditar que o encontro terminará sem resultados concretos.

Autor: Henrik Böhme (ca)
Revisão: Augusto Valente