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"Califa de Colônia" extraditado à Turquia

sm13 de outubro de 2004

O extremista islâmico Metin Kaplan foi expulso da Alemanha e entregue às autoridades turcas. Ministro do Interior não tem dúvida de que a Turquia garantirá julgamento dentro das normas do Estado de direito.

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Metin Kaplan chega à Turquia, onde poderá ser acusado de alta traiçãoFoto: AP


Após um longo impasse jurídico, o líder extremista islâmico Metin Kaplan (51), autodenominado "califa de Colônia", foi surpreendentemente extraditado para a Turquia na terça-feira (12/10). O ex-líder de uma organização extremista proibida na Alemanha foi entregue diretamente às autoridades turcas em Istambul. Apenas algumas horas após uma sentença do Tribunal Administrativo de Colônia, Kaplan foi obrigado a abandonar o território alemão. Apesar de o réu ter recorrido da sentença, a Justiça alemã e o Ministério do Interior conseguiram se impor neste longo impasse jurídico.

O tribunal de Colônia justificou a sentença qualificando Metin Kaplan de "uma figura de identificação do extremismo islâmico". A Justiça considerou a extradição de Kaplan prioritária, mais relevante que empecilhos jurídicos levantados pelo advogado de defesa, como o estado de saúde do réu ou o fato de ele ser casado na Alemanha.

Democracia armada contra o extremismo

Otto Schily bei Abdulkadir Aksu in Ankara
Otto Schily com seu colega de pasta turco, Abdulkadir Aksu, em setembro de 2003: garantias de julgamento justo para KaplanFoto: AP

O ministro alemão do Interior, Otto Schily, considerou a extradição de Kaplan um "símbolo da democracia resistente" e deu o caso por encerrado. "O Estado deu uma prova clara de que em nosso país não há lugar para quem se opuser à ordem jurídica e constitucional", declarou Schily, lamentando que o processo de extradição tenha durado tanto tempo.

"Um homem que incita ao homicídio, que quer se sobrepor à ordem constitucional com seu califado, que prega a violência, o ódio contra os judeus e pessoas de outras confissões — se nós não conseguíssemos colocar este tipo de gente para fora do país, a democracia teria perdido sua capacidade de resistência", afirmou o ministro do Interior.

Procurado na Turquia: alta traição

O "califa de Colônia", nascido na Turquia, cumpriu prisão de quatro anos na Alemanha por conclamação a homicídio. Ele conseguiu impedir sua extradição durante muito tempo, sob alegação de que estaria à mercê dos desmandos da Justiça turca. Em setembro, ele recorreu da sentença pronunciada pelo tribunal de Colônia, que cassara seu direito a asilo político. O tribunal já pretendia ter extraditado Kaplan em maio. Ele conseguiu protelar o cumprimento da sentença, tentando levar seu caso à alçada federal. Agora em outubro, seu pedido foi definitivamente indeferido.

Na Turquia, a longa expectativa da extradição de Kaplan levou diversos tribunais do país a abrir investigações desde início de 2003. Neste meio tempo, no entanto, foram extintos estes tribunais especiais, de forma que ainda não se sabe diante de qual tribunal e a partir de quando Kaplan responderá processo. Ele poderá ser acusado de alta traição e condenado à prisão perpétua.

A Justiça turca o responsabiliza de ter planejado há seis anos um atentado contra milhares de militares e personalidades de destaque na Turquia e no exterior. O plano era de deixar cair um avião carregado de explosivos no mausoléu do herói nacional Atatürk, durante as comemorações dos 75 anos da fundação do Estado turco, em outubro de 1998.

Prova de fogo para Ancara

Otto Schily declarou ter falado diretamente com as autoridades turcas e ter recebido de Ancara a garantia de que o julgamento de Kaplan vai ser realizado dentro das normas de Justiça internacionais. "Um país que exige negociações para ingressar na União Européia tem que garantir um julgamento penal dentro das normas de um Estado de direito", lembrou Schily.

Metin Kaplan in der Türkei
Metin Kaplan entre dois seguranças turcosFoto: AP

A imprensa alemã reagiu positivamente à extradição de Metin Kaplan. O Rheinpfalz comentou que "as autoridades alemãs finalmente deram um sinal claro de que estão dispostas a combater o extremismo islâmico", destacando que "só durou 90 minutos desde a prisão até o avião decolar".

O Westdeutsche Allgemeine Zeitung observou que, após o caso do líder curdo Abdullah Öcalan, a Turquia não pode se dar ao luxo de criar um outro mártir; o caso de Kaplan seria uma prova de fogo para a Justiça turca, diante das ambições de Ancara por um ingresso na União Européia.