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Call centers florescem no Leste alemão

Sean Sinico (rsr)1 de janeiro de 2006

Quem já não foi interrompido durante o jantar por um operador de telemarketing? Para os que rechaçam tais 'invasões', atenção! O mercado está crescendo e seguirá esta tendência, dizem especialistas.

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Maioria dos funcionários são mulheresFoto: presse

Enquanto operadores de call centers dos países em desenvolvimento adotam o acento norte-americano ou britânico para ocultar sua verdadeira localização, os alemães têm poucos problemas em achar um conterrâneo, ao discar para o número de telefone impresso na embalagem de quase todos os produtos. Esse serviço cresce em progressão geométrica na Alemanha.

Estatísticas

Indien als Wirtschaftsmacht
Mão-de-obra é mais barata nos países em desenvolvimentoFoto: dpa

Nos últimos dois anos e meio, 35 mil postos de trabalho foram criados em call centers. Levantamento da entidade Call Center Forum mostra que um total de 330 mil pessoas trabalham em um dos 2800 centros.

"A crescente importância da indústria de serviços alemã e o aumento das expectativas de serviço são razões para este crescimento", diz Harald Weisbrod, vice-presidente da instituição. Ele antecipa ainda a criação de outras 80 mil vagas nos próximos 5 anos.

Muito estresse

As pessoas que ocuparem estes postos – principalmente alemães, uma vez que encontrar mão-de-obra com as habilidades necessárias fora do país é difícil, não terão uma tarefa fácil. É o que acredita Silvia Horsch, de Berlin. Ela trabalhou num call center em meio-turno, por três anos e meio, e diz que não é capaz de imaginar esse trabalho em tempo integral.

"O telefone está sempre tocando e é preciso muita concentração para trabalhar no sistema de computador e responder rapidamente a todas as necessidades de quem liga", lembra Horsch. "Quatro ou cinco horas, sem problemas, mais tempo do que isso é complicado."

Direitos trabalhistas

Call Center in Düsseldorf
Desrespeito às leis trabalhistas denigre a imagem dos call centersFoto: dpa

"Mas há também os call centers que se aproveitam de lacunas na lei trabalhista, no que diz respeito às obrigações para com os funcionários", explica o sindicato dos prestadores de serviço Ver.di. Conforme seu porta-voz, Andreas Splanemann, a entidade espera que os trabalhadores do setor tenham um contrato coletivo representando seus interesses.

Embora admitindo existirem "ovelhas negras", cujas práticas denigrem a imagem do setor, o vice-presidente da Associação Alemã de Marketing Direto, Patrick Tapp, enfatiza que candidatos a emprego com taleto comunicatico podem encontrar trabalho num call center de boa reputação.

Leia a seguir: em busca de uma melhor imagem

Melhorando a imagem

Call Center
Especialistas antecipam crescimento ainda maior do mercadoFoto: dpa

Assegurar que os call centers ofereçam treinamento para novos empregados, oportunidades de promoções e carga horária flexível são formas de combater a imagem negativa associada a este trabalho de prestação de serviço, informa Tapp.

Expansão para o Leste

O Leste e o Norte da Alemanha são atraentes para operadoras de call centers, pois há muita gente interessada nesse trabalho. Governos locais geralmente têm boa vontade, oferecendo vantagens econômicas para a criação de empregos, e simplificando as despesas e burocracia que envolvem a criação e instalação de uma companhia.

"O setor é o negócio que mais cresce no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental", salienta o secretário da Fazenda Otto Ebnet. "Nos últimos 12 meses, cerca de 1000 novos empregos foram criados", comenta.

Arbeitslose auf Jobsuche
Ofertas de trabalho em call centers cada vez mais freqüentes nos jornais do leste alemãoFoto: Bilderbox

Como se trata de uma das regiões alemãs com um dos piores desempenhos econômicos e taxa de desemprego de 18%, Ebnet tem motivos para comemorar o crescimento. De 11 call centers com 1500 empregados, o número passou para 70 empresas e quase oito mil funcionários.

De acordo com dados do Call Center Forum, 77% da mão-de-obra empregada é feminina e 52% trabalha em regime de tempo integral, recebendo, por ano, um salário de 28 mil euros.

Até achar outro emprego melhor

Encontrar pessoal qualificado para preencher as vagas é considerado "entre difícil e dificílimo". Para facilitar o processo um programa de treinamento oficial será lançado em agosto de 2006. Porém, a Ver.di questiona se as pessoas querem realmente assumir o cargo ou o fazem por não encontrarem outra opção.

A entidade ressalta que a taxa de fixação de funcionários é mais baixa do que na indústria. Este é um fenômeno que Silvia Horsch conhece bem. "Eu trabalhei por três anos e meio e quando eu saí, todos que tinham começado antes de mim já não estavam mais lá", diz. "As pessoas trabalham num call center até acharem algo melhor".