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Caminhar, a alegria do Müller

Neusa Soliz31 de julho de 2003

Um "esporte popular" tipicamente alemão é fazer excursões. Sozinhos ou em grupos, milhões fazem regularmente caminhadas pela natureza. Quem participa de associações, além de manter a forma, aprecia o contato social.

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Uma das atividades preferidas de lazerFoto: Bilderbox

Não há quem não conheça, na Alemanha, a canção Das Wandern ist des Müllers Lust (caminhar é a alegria do moleiro). E como Müller (moleiro) é também um sobrenome muito comum, pode-se deduzir que se trata de uma atividade com muitos adeptos. Segundo a Sociedade Alemã de Lazer, cerca de 15 milhões de pessoas praticam caminhadas e excursões no país. A metade, regularmente. Muitos fazem suas excursões sozinhos, ou a dois. Os filiados a associações somam 2,2 milhões.

Há também uma Federação das Associações de Montanhistas e Caminhantes (VDGW) – fundada em 1883 – à qual são filiadas 56 associações regionais, com mais de 3 mil grupos locais e 615 mil membros. Isso é que é organização! Todos os anos, ela organiza uma excursão especial. A deste ano foi na cadeia montanhosa Erzgebirge, situada na Saxônia, e atraiu 40 mil pessoas a esse Estado do leste.

Um turismo especial, com direito a música

Nesse caso, as pessoas aproveitam também para fazer turismo e conhecer o que há de típico na região, como o museu que documenta a extração de prata, em Schwarzenberg, ou as instalações para se obter a ocra, em um riacho perto da montanha. Música típica da região também não deve faltar, pelo que voltamos a falar de canções, para dizer que os Wanderer (excursionistas) adoram cantar. Não só têm todo um repertório próprio, como costumam levar seus cançoneiros na mochila e botar as cordas vocais para vibrar de forma coletiva a céu aberto.

E por falar em mochila, há toda uma indústria especialmente dedicada a equipamento para caminhadas: desde botinas e sapatos firmes para montanhismo, meias e calças especiais, jaquetas impermeáveis ou não, malhas grossas para o inverno, bonés e os célebres bastões de caminhantes. Eles fazem mais sentido nas montanhas, mas também vales, regiões planas ou de bosques podem ser escolhidos como lugar de destino. Muitos caminhos estão marcados e, em vários lugares, encontram-se mapas simplificados para melhor orientação.

Terceira idade tem mais ligação com a natureza

O percurso diário é fixado pelo grupo. No mínimo, faz-se uns seis quilômetros. Mas a maioria dos caminhantes regulares anda pelo menos 10 ou 15 quilômetros uma vez por semana. Mas não se trata apenas de gastar a sola do sapato e deixar quilômetros para trás. Para muitos, essa forma de lazer é também uma oportunidade de manter contato com outras pessoas, fazer uma pausa num restaurante rústico, provar alguma especialidade local e tomar um copo de vinho ou cerveja.

A ligação com a natureza também desempenha um papel importante na motivação. Embora também haja jovens entre os excursionistas, a grande maioria dos filiados a associações já passou dos 40 anos e não é raro encontrar pessoas de alta idade fazendo caminhadas na Alemanha. Os jovens, contudo, preferem outros tipos de atividades outdoor, desde os esportes radicais a alpinismo, canoismo, ciclismo ou simplesmente andar de patins ou skate – o que é possível fazer sem deixar a cidade.

Os que costumam ir ao Congresso de Caminhantes (Wandertag) já têm o próximo compromisso agendado, já que planejamento de última hora não é coisa de alemão: de 16 a 20 de setembro de 2004, a turma se reúne na costa do Mar Báltico, em Kühlungsborn, onde será realizado o 104º Wandertag. Até lá, tem muito tempo para ir treinando.