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Casa no campo

18 de junho de 2011

Em Berlim, a casa de campo do pintor Max Liebermann reflete parte da história do século 20. Trata-se de uma bela casa à beira do lago Wannsee, que foi também um ponto de ocupação nazista e um antigo ginásio de esportes.

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A casa de campo de Max Liebermann, à beira do lago Wannsee em BerlimFoto: picture-alliance/Eibner-Pressefoto
Em 1909, às margens do lago Wannsee, o pintor berlinense Max Liebermann construiu a casa de campo a qual ele orgulhosamente chamava de seu "palácio do lago". Era ali que um dos maiores expoentes do impressionismo alemão encontrava refúgio da agitação de Berlim e inspiração criativa para boa parte de seu trabalho inovador.
O design original de Liebermann para os 7 mil metros quadrados ao redor da casa foi reconstruído no terreno. A paisagem abriga um terraço florido, uma cerca viva, hortas e jardins, um bosque de bétulas e um grande gramado que conduz ao lago.
"O estilo de vida que se vê aqui não existe mais em Berlim – um modo de vida burguês típico daquela época e deste lugar antes da Segunda Guerra Mundial", diz Martin Faass, curador da casa.
Devido à Segunda Guerra, "Berlim mudou completamente por conta do terror nazista e, então, este é realmente um local especial para ver como as coisas eram antes", acrescentou.
Alterando destinos
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Arbustos no jardim de Wannsee: a paisagem serviu de inspiração para quadros de LiebermannFoto: Privatbesitz/Mönchengladbach
Em 1940, a casa de campo foi tomada pelos nazistas. Apesar de ter sido devolvida à família Liebermann depois do conflito mundial, o local teve um sombrio destino pós-guerra. Acabou se tornando propriedade municipal de Berlim, ficando sujeito à negligência e à utilização indevida: primeiro como um hospital, depois vazio e abandonado, e, por fim, como um clube de esportes aquáticos.
Mas uma série de exibições em 1997, ano do 150° aniversário de Liebermann, assim como iniciativas populares ajudaram a instar a cidade e outros patrocinadores a restaurarem a casa. Entusiastas privados arrecadaram milhões de euros para o projeto.
A casa de campo foi reaberta como museu em 2006 e, na sequência, teve seus jardins restaurados e foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural e monumento histórico. Wolfgang Immenhausen, morador da região, está entre os cidadãos que solicitaram exaustivamente que a prefeitura fizesse a reforma e dedicasse a casa ao legado de Liebermann.
"Desde jovem eu pensava em como era importante que cooperássemos para certificar que a propriedade de Liebermann fosse apresentada de uma maneira que mostrasse respeito por ele", disse Immenhausen, cuja família vive nas imediações do Wannsee há várias gerações.
Hoje, as instalações são mantidas sem qualquer financiamento da cidade ou do Estado, em parte graças ao elevado número de visitantes, atraídos tanto pela casa de Liebermann, quanto pela rica história da região.
"Muitos excelentes médicos judeus e colecionadores de arte moraram nesta área, que desempenhou um papel significativo na história alemã", observou Immenhausen. "Banqueiros altamente bem-sucedidos, industriais e empresários viveram aqui e 50% dos moradores eram judeus."
Quadros de Liebermann foram utilizados para reconstrução do jardim
Quadros de Liebermann foram utilizados para reconstrução do jardimFoto: picture-alliance/dpa
A tragédia Liebermann
O piso térreo da propriedade abriga uma exibição multimídia, que documenta a história da família Liebermann, e fotografias antigas da casa. Os andares superiores comportam mostras temáticas temporárias que retratam a arte do pintor, considerado uma das mais proeminentes e inventivas figuras da cena artística de seu tempo.
O artista faleceu antes que os nazistas confiscassem sua casa de campo, mas quando morreu, em 1935, suas honrarias já havia sido retiradas. Seu trabalho foi proibido e tachado de "sujo". A esposa de Liebermann, Martha, viveu mais que ele, mas se suicidou para escapar de ser enviada para o campo de concentração de Theresienstadt.
Uwe Kuehl, morador de Wannsee e voluntário da casa de campo, vê o destino do pintor como particularmente trágico, considerando a sua visão política liberal.
"Liebermann pertencia ao grupo que queria ser assimilado e ficou extremamente desapontado ao fim da vida, quando teve que reconhecer que havia fracassado em sua esperança de um dia ser igual às outras pessoas na Alemanha perante a lei", disse Kuehl, que conduz visitas guiadas pela propriedade um dia por semana.
Terminadas as reformas da casa de campo de Liebermann, visitantes podem mergulhar no universo do artista e entender como ele pensava, vivia e trabalhava.
Autor: Leah McDonnell (lf)
Revisão: Carlos Albuquerque