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CDU desorientada

Agências (rr)31 de janeiro de 2008

Políticos de peso questionam rumo do partido após queda de 12 pontos percentuais na aprovação dos eleitores em Hessen. Política de integração de estrangeiros deveria ser repensada e não "degradada a tema de campanha".

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Para 60% dos habitantes de Hessen, Koch deve deixar o cargoFoto: AP

Os resultados das eleições estaduais em Hessen no último domingo (27/01) abalaram de tal forma o partido da premiê Angela Merkel que 17 políticos de peso da União Democrata Cristã (CDU) pleitearam, em uma carta aberta publicada no jornal Die Zeit, um "novo consenso suprapartidário para a política de integração".

Segundo o comunicado, assinado inclusive por diversos prefeitos de grandes cidades, a integração de migrantes na sociedade é "tão fundamental para o futuro do país, que não pode ser degradada a tema de campanha eleitoral".

O texto foi escrito em resposta a outra carta aberta publicada no mesmo jornal por 21 alemães de origem turca, na qual criticavam a estratégia eleitoral do atual governador Roland Koch e exigiam mais objetividade no debate político sobre a criminalidade juvenil.

O secretário de Integração da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, cujo nome consta entre os assinantes, reconhece que foram cometidos erros na política de integração e adverte que o país mudou e a CDU deveria reconhecer que "a Alemanha é de fato um país de imigração". Afinal, "violência não é um problema étnico, e sim educacional".

Críticas suavizadas

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Ole von Beust (CDU) suaviza críticas: medo das próximas eleições?Foto: AP

O prefeito de Hamburgo, Ole von Beust, reforça que a CDU possui uma tradição pioneira na Alemanha, mencionando a Cúpula da Integração organizada pela chanceler federal Merkel e a Conferência Islâmica organizada pelo ministro do Interior, Wolfgang Schäuble.

No entanto, defende que nenhuma de suas críticas foi direcionada pessoalmente a Roland Koch. "Cada um faz sua campanha como quiser", disse. Pesquisas recentes indicam que, nas próximas eleições regionais em Hamburgo (24/02), onde a CDU hoje governa sozinha, uma coalizão entre verdes e social-democratas poderia assumir o poder.

Enquanto isso, a situação política de Roland Koch continua incerta. Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto Forsa para a rede de televisão n-tv, cerca de 60% dos habitantes do estado defendem que Koch deveriam abdicar do cargo após o resultado as eleições estaduais. Em todo o país, 50% defende sua saída.

Tema certo, pessoa errada

Também um estudo publicado pela Fundação Konrad Adenauer, vinculada ao partido, concluiu que a brusca perda de popularidade de Roland Koch foi provocada em grande parte pelo polêmico debate sobre a criminalidade entre jovens de origem estrangeira.

Embora não seja a primeira vez que Koch lance mão de uma postura populista com relação a temas ligados à população migrante, desta vez a estratégia lhe causou uma queda de 12 pontos percentuais na aprovação dos eleitores.

A polemização da campanha seria como um tiro que saiu pela culatra, pois, ao mesmo tempo em que levou eleitores a ignorar os sucessos de seu governo, como o baixo nível de desemprego e os altos índices de desenvolvimento econômico, também teria provocado duas conseqüências fatais: de fato, grande parte dos eleitores passou a ver a criminalidade juvenil e a integração de estrangeiros como temas importantes, mas muito poucos teriam visto em Koch a pessoa indicada para solucionar tais problemas.

Enquanto a campanha da CDU teria provocado uma séria "perda de credibilidade" entre seus eleitores, o Partido Social Democrata (SPD), que apostou em temas como justiça social e salário mínimo, reforçou a "seriedade" de sua imagem para 74% de seus eleitores.

Para o governador de Baden-Württemberg, Günther Oettinger (CDU), o partido deveria reforçar seus interesses na política econômica e desenvolver uma resposta à campanha por salários mínimos do SPD.

Markus Söder, ex-secretário-geral do partido e atual representante da Baviera na União Européia, alerta inclusive que, "caso as eleições legislativas federais de 2009 aconteçam sob o signo da justiça social, será muito difícil para a CDU obter maioria no Parlamento".