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Certo ou errado? Alemão quase foi língua oficial dos EUA

(rr)3 de junho de 2004

Reza uma lenda que o alemão teria perdido uma grande oportunidade de tornar-se língua oficial dos EUA. E o pior: a decisão teria estado nas mãos de um descendente de alemães.

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Poderia o Mr. President falar alemão?Foto: AP

Há cerca de 200 anos circula uma lenda, segundo a qual a língua alemã por um triz não se tornou a língua oficial dos Estados Unidos, conforme divulgou o site alemão Spiegel Online. Segundo a chamada "lenda de Muehlenberg", apenas um voto teria faltado para aprovar uma lei que transformaria o alemão no idioma oficial do país que é hoje a maior potência mundial.

Pode-se até pensar em uma explicação relativamente plausível para esta história que volta a surgir a cada ano. Se o inglês era tido como língua dos odiados senhores coloniais, contra os quais os novos americanos lutaram pela sua independência, nada mais natural que eles optassem por outra língua. Mas a verdade é que um tal projeto de lei nunca existiu, nem mesmo em caráter regional.

Como a história virou lenda

Mas, como toda lenda tem um fundo de verdade, também esta tem sua origem em um fato verídico: em 9 de janeiro de 1794, um grupo de imigrantes alemães apresentou ao governo do Estado americano de Virgínia uma petição pedindo a publicação das leis também em alemão, para que pudessem melhor se adaptar à nova pátria. O pedido, entretanto, foi recusado por 42 votos contra 41.

O voto que faltou foi o de um alemão, o porta-voz da Câmara dos Deputados, Frederick Augustus Conrad Muehlenberg, que se absteve. Segundo ele, quanto mais rápido os alemães se tornassem americanos, melhor.

Foi preciso apenas uma geração para que a frustração da derrota transformasse tal episódio em lenda. E assim rumores teceram esta versão: que no ano de 1828 teria havido no Estado da Pensilvânia uma votação para decidir a adoção do alemão como língua oficial paralela ao inglês. Segundo a lenda, apenas um voto teria faltado, o do alemão Muehlenberg.

Se a votação realmente aconteceu, não se pôde comprovar até hoje, mas é fato que os imigrantes de origem alemã representavam cerca de um terço da população do Estado da Pensilvânia na época. Já em 1830, os alemães representavam 9% da população total dos Estados Unidos.

Nos séculos 19 e 20, milhões de alemães deixaram o país e emigraram para várias partes do mundo. De 1836 a 1914, somente do porto de Hamburgo partiram mais de 4 milhões de pessoas, a maioria em direção aos Estados Unidos.

Influência que se vê na língua

A influência do alemão no vocabulário inglês está longe de ser irrelevante. Diversas palavras alemãs foram incorporadas pela língua inglesa sem tradução ou alteração considerável. Dos vários termos em "Germish", a maioria são especialidades alemãs ou austríacas, termos filosóficos, ligados à tecnologia bélica ou à criação canina.

São palavras como angst (medo, em alemão), pretzel (derivado de Bretzel, rosquinha salgada), schnitzel (bife à milanesa, especialidade austríaca), kaputt (quebrado), kindergarten (jardim de infância) e beergarden (do alemão Biergarten). Além de Oktoberfest, claro!