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Chanceler da unidade lança autobiografia

Estelina Farias8 de março de 2004

Ex-chanceler federal da Alemanha, Helmut Kohl, volta a gerar furor na mídia com o lançamento de suas memórias, em Berlim, depois de amargar um longo ostracismo por causa do escândalo de doações ao seu partido (CDU).

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"Helmut Kohl - lembranças de 1930 a 1982"Foto: AP

O batalhão de representantes da imprensa no salão de banquete do hotel Hilton, em Berlim, e principalmente o tom mordaz, belicoso e bem humorado de Helmut Kohl, no lançamento de suas memórias, lembraram o furor habitual que o "chanceler da unidade" gerava quando era chanceler federal da Alemanha (1982- 1998).

Um mês antes de completar 74 anos, o velho democrata-cristão apresentou o primeiro volume, de quase 700 páginas, com as suas lembranças do período de 1930 até 1982. Nesta data, Kohl iniciou a sua carreira de chanceler federal (primeiro-ministro), substituindo o social-democrata Helmut Schmidt, que fora destituído por um voto desconfiança do Parlamento, em Bonn. O governo Kohl durou 16 anos.

Kohl prometeu escrever no segundo volume os acontecimentos mais importantes a partir de 1982 e sua opinião sobre eles. Mas garante que, como o primeiro, não será "um livro de vingança". O próximo lançamento será aguardado com maior expectativa, porque vai abranger o período mais importante da história recente da Alemanha, bem como o auge da carreira e a decadência política do chanceler que conduziu o processo de reunificação do país. A obra deverá chegar ao mercado livreiro antes de Kohl completar 75 anos, em abril de 2005. Até lá, ele quer rever as observações e os nomes que vem registrando há 30 anos.

Vertrauensfrage Helmut Kohl
Helmut Kohl durante o escândalo de doações ilegaisFoto: AP

"Para Hannelore"

- Com estas duas palavras, o chanceler dedica a sua autobiografia à sua esposa Hannelore, que suicidou-se em julho de 2001. O primeiro volume que ele apresentou nesta quinta-feira (04), em Berlim, deverá ter uma edição de 85 mil exemplares, dos quais 35 mil estão impressos.

Trauernde Familie Kohl
Helmut Kohl com o filho e a nora no enterro de HanneloreFoto: AP

Kohl sempre disse que não escreveria suas memórias, mas mudou de idéia em 1999, por causa do que chamou de "os falsificadores da história", e resolveu escrever "o necessário" do seu ponto de vista. Ele se referiu com isso ao escândalo de doações ilegais ao seu partido União Democrata Cristã (CDU). O próprio Kohl admitiu ter depositado dois milhões de marcos (mais de um milhão de euros) numa conta secreta na Suíça.

Renúncia e ostracismo

- Pressionado de todos os lados, inclusive por seus correligionários mais íntimos, ele se viu forçado a deixar a presidência de honra do partido que havia presidido de fato durante 25 anos. Sem cargos e com o nome em manchetes negativas da imprensa, o político que passou para a história do pós-guerra iniciou um longo período de ostracismo. O seu sucessor na cúpula democrata-cristã, Wolfgang Schäuble, também teve que deixar o cargo, por causa de uma doação de 100 mil marcos de um lobista da indústria bélica à CDU para o governo Kohl facilitar negócios no setor de armamento.

O escândalo acabou com a amizade entre Kohl e Schaüble. Por isso, foi aguardado com grande expectativa se, no lançamento do seu livro, o ex-chanceler mencionaria o nome de Schäuble, o qual havia fracassado na véspera como candidato à Presidência da República. Kohl não disse uma palavra sobre o ex-amigo, limitando-se a destacar as qualidades apropriadas do chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, para suceder o presidente Johannes Rau.

Köhler é o candidato oficial dos partidos de coalizão de Helmut Kohl e está virtualmente eleito, pois a CDU, CSU e o Partido Liberal dispõem de clara maioria no colégio eleitoral que vai eleger o chefe de Estado alemão no dia 23 de maio. Köhler foi secretário de Estado do Ministério das Finanças no governo Kohl.