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Chechênia: uma "Palestina russa"?

lk2 de setembro de 2004

A DW-WORLD reuniu para você os comentários da imprensa alemã sobre a atual onda de terror na Rússia.

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TV russa relata sobre a tomada de reféns em BeslanFoto: NTV/dpa

Uma terrível onda de terror vem assolando a Rússia de uns dias para cá. As causas estão na Chechênia, neste ponto concordam os comentaristas alemães. Muitos atribuem grande parte da culpa a uma política equivocada de Putin. E quase todos criticam o chanceler federal da Alemanha por sua atitude benevolente frente ao amigo russo. É grande o perigo de que o conflito se espalhe para além das fronteiras, alertam.

A ilusão da paz

"Três atentados em menos de dez dias [...] como se fosse para colocar um sinal de fogo, como se os terroristas estivessem em busca de uma confirmação definitiva de que Moscou nem sequer pensa numa política pacífica para o conflito na Chechênia", opina o Neue Presse, de Hanôver.

"Foi o terrorismo internacional que bolou os atentados mais recentes, como Moscou afirma?", questiona o Stuttgarter Nachrichten, dando sua própria resposta: "É permitido duvidar. Com base em tudo o que se sabe até agora, a atual onda de violência está relacionada com o conflito não solucionado na Chechênia, pelo qual Moscou é em grande parte responsável. A política linha-dura de Putin não trouxe a pacificação da região."

"Ao contrário do que o Kremlim quer que os russos e o Ocidente acreditem, a Chechênia não foi pacificada de jeito nenhum", afirma o Neue Ruhr / Neue Rhein-Zeitung, de Essen. "E, apesar das pretensas eleições livres, a normalidade está muito distante. No entanto, Putin se atém a essa ficção."

Política dos rumos falsos

"Ele (Putin) parece perplexo, administra um problema que não consegue dominar. Suas eleições e plebiscitos falsificados são a tentativa desesperada de criar um ar de legitimidade e estabilidade na região em crise", opina o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

"A continuação da política russa para o Cáucaso só pode levar a resultados mais catastróficos ainda. Putin sabe disso", é a opinião do taz, de Berlim, enquanto o General-Anzeiger, de Bonn, acha que não se pode atribuir a culpa toda ao presidente da Rússia, principalmente quando só se tem "lugares-comuns para oferecer em forma de conselho".

Crítica também a Schröder

Geiselnahme in russischer Schule, Beslan, Nordossetien
Soldados russos cercam a escola onde se encontram os refénsFoto: AP

"A política de Moscou para o Cáucaso é um exemplo de crueldade, com a qual os rebeldes puderam aprender muito. Mais de uma vez o Kremlin falou em 'exterminar' os terroristas, sendo que é considerado terrorista todo aquele que não se curva ao terror estatal russo no Cáucaso. O Ocidente fecha os olhos diante disso. Também o chanceler federal Schröder, que não teve coragem de condenar perante o chefe do Kremlin a recente farsa eleitoral em Chechênia, e está sendo criticado com razão pela oposição", diz o Münchner Merkur.

Este aspecto foi abordado também pelo FAZ, para o qual foi sinal de "miopia política" a afirmação de Schröder de que não teria havido nenhuma "anormalidade considerável" nas eleições na Chechênia. "Pena que o chanceler federal, sempre tão eloqüente, não tenha encontrado as palavras adequadas na cúpula de Sochi", avalia igualmente o Westfälische Nachrichten, de Münster.

Perigo de generalização

Para solucionar o problema na Chechênia, seria preciso que Putin conseguisse fazer com que "as criminosas forças de segurança russas fossem castigadas com rigor", que delitos fossem julgados "em julgamentos abertos e justos, a fim de que os chechenos readquirissem a confiança no Estado russo", que fosse concedida à região uma ampla ajuda financeira que não fosse "desviada por funcionários públicos corruptos", opina o comentarista da DW-WORLD Ingo Mannteufel.

"Essas decisões", continua, exigem contudo do presidente russo "força, visão ampla e rapidez de ação. Do contrário, existe o perigo de que o conflito checheno se transforme numa Palestina russa. Atentados terroristas poderiam então – da mesma forma que em Israel – passar a fazer parte do cotidiano na Rússia."