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Checkpoint Berlim: A casa de baile mais charmosa da cidade

11 de dezembro de 2017

Clärchens é um dos últimos salões de baile remanescentes do século passado em Berlim. Inaugurada em 1913, casa sobreviveu a bombardeios e uniu alemães na cidade dividida durante a Guerra Fria.

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Clärchens em Berlim
Clärchens chama atenção no centro de BerlimFoto: Nicolai Verlag/Bernd Schönberger

O prédio antigo com um jardim em frente chama atenção de quem passa na rua Auguststrasse, no centro de Berlim. Pela movimentação, a impressão inicial é que o local seja apenas um restaurante, mas quem decide dar uma bisbilhotada descobre que aquela construção com as paredes externas descascadas escondeu uma das casas de baile mais tradicionais e charmosas da cidade.

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008
Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Ao passar pelo corredor de entrada, o visitante viaja no tempo é transportado para um grande salão do início do século 20, com uma pista de dança, palco e mesas ao seu redor. No andar superior, a Sala dos Espelhos impressiona pela beleza. Inaugurada em 1913, a casa de baile Clärchens sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e ao fim da Alemanha Oriental, e é um dos últimos salões remanescentes da década de 1900 na cidade.

A casa de baile foi idealizada pelo casal Fritz e Clara Bühler e inaugurada com o sobrenome do casal, porém, devido a Clara, os frequentadores apelidaram carinhosamente o salão de Clärchens (Clarinha). Com a morte de Fritz em 1929, Clara continuou tocando o negócio sozinha até 1932, quando ela casou novamente e ganhou um novo sócio.

Em 1944, o regime nazista proibiu eventos públicos. Dessa maneira, o salão deixou de receber dançarinos e passou a servir apenas como local de encontro para café com bolo. O andar superior, a imponente Sala dos Espelhos, foi transformado em local de lazer para soldados.

Com o fim da guerra, a Clärchens voltou a dar seus famosos bailes. Localizada no lado da República Democrática Alemã (RDA), a fama da casa ultrapassou as fronteiras socialistas e tornou-se também um ponto de encontro de visitantes da Berlim capitalista.

Sala dos espelhos guarda marcas da Segunda Guerra
Sala dos espelhos guarda marcas da Segunda GuerraFoto: Nicolai Verlag/Klaus Bädicker

A Sala dos Espelhos, porém, ficou fechada durante anos e hoje ainda conserva as marcas do tempo e das bombas que caíram sobre Berlim. Os proprietários optaram por preservá-la exatamente como ficou depois da guerra. Espelhos e teto quebrados, paredes desbotadas dão um charme a mais ao espaço.

Em 2003, os herdeiros de Clara venderam o local. Os novos donos decidiram sabiamente não mudar nada na casa, preservando toda as marcas da história. Aberta todos os dias, os visitantes podem escolher durante a semana os ritmos que mais gostam: nas segundas-feiras, por exemplo, é o dia da salsa e, nos fins de semana, todos os ritmos se encontram.

Além de bailes, aulas de dança de salão são oferecidas no Clärchens. Nos últimos anos, a casa de baile ganhou fama mundial. O local foi escolhido com cenários para filmes de Hollywood. Quentin Tarantino, por exemplo, rodou algumas cenas de Bastardos Inglórios no salão.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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