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Chico Teixeira traz "O circo de Santo Amaro" e busca parcerias em Berlim

17 de fevereiro de 2012

Cineasta volta ao Festival de Berlim com novo projeto que participa do Co-production Market, evento que busca e incentiva a parceria entre países na produção de filmes. Mas como realmente funciona uma coprodução?

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Foto: AP

Apesar das mudanças radicais que vêm acontecendo na indústria do entretenimento, graças ao desenvolvimento da internet, o cinema continua sendo uma das formas mais efetivas de entrar em contato com outras culturas sem sair de casa. Não só com vista à realização, as coproduções entre países também são o caminho mais fácil para diversificação artística e uma distribuição mais abrangente.

O Co-production Market é um evento que ocorre dentro do Festival de Berlim e reúne cerca de 450 profissionais da área do cinema, entre produtores, agentes e distribuidores. A cada ano, produtoras do mundo todo interessadas em parceiros para coproduções enviam seus projetos. A seleção é feita pelos realizadores do evento, que organizam todos os projetos em um catálogo físico e virtual. Esse catálogo é distribuído a todos os participantes interessados em coproduzir.

O festival então monta uma grade de encontros entre os interessados e coordena essas reuniões que acontecem durante três dias da Berlinale. Neste ano foram selecionados 39 projetos, de 30 países, entre os 352 inscritos.

"O circo de Santo Amaro"

Um dos escolhidos foi O circo de Santo Amaro, novo projeto de Chico Teixeira. "É um filme de pequenas ações cotidianas. Ações emocionais que se passam no universo de um adolescente de 14 anos, com todas as inseguranças, descobertas e trancos que a vida oferece", declarou o diretor em conversa com a DW Brasil.

Berlinale Filmausschnitt A Casa de Alice
Teixeira já esteve na Berlinale em 2007 com 'A casa de Alice'Foto: Internationale Filmfestspiele Berlin

Chico Teixeira já esteve na Berlinale com seu filme de estreia A casa de Alice, selecionado para a mostra Panorama. "Foi muito emocionante para mim, os atores e a equipe do filme. Estar próximo do calor dos espectadores, um pouco de medo das críticas imediatas, mas no fim foi uma experiência muito boa", disse o cineasta.

Há muita expectativa em torno dessa segunda participação de Chico na Berlinale. "Às vezes, as conversas são mais técnicas, outras mais artísticas. Tenho que detalhar vírgula por vírgula o roteiro e o projeto do meu filme. Algo único e muito interessante", completou Teixeira.

Segundo a produtora Paula Cosenza, o projeto tem grandes chances de achar bons parceiros em Berlim, apesar de a história ser 100% brasileira. "O Chico já esteve no festival e isso cria uma confiança com os coprodutores. Há muitas possibilidades de parcerias técnicas como fotografia, áudio e pós-produção, mas também vamos ouvir o que eles têm a falar do roteiro. Queremos achar uma maneira de realizar que seja boa para todo mundo", disse Cosenza.

Como um casamento

Filme é sempre um trabalho coletivo. Para Cosenza, ninguém faz filme sozinho. Procurar parceiros, não só financeiros, é o caminho para manter o cinema cada vez mais vivo e ativo. Mesmo com a atual boa fase do mercado brasileiro.

Ela dá o exemplo do filme Tropicália, no qual também foi produtora. "É um documentário com um tema bem brasileiro. Temos um coprodutor americano e outro inglês. Com isso já temos garantido dois mercados de distribuição. É muito difícil o filme entrar no mercado americano, no momento que ele tem esse 'passaporte', tudo fica mais fácil. Os diferentes pontos de vista fazem o filme deixar de ser local. Queremos ser vistos pelo maior número possível de pessoas", completou.

Berlinale Filmfestspiele 2012 Filmszene Tabu
'Tabu' é uma coprodução entre Portugal, Brasil, França e AlemanhaFoto: Berlinale 2012

"Uma coprodução nunca pode ser encarada como: 'vamos colocar dinheiro no filme dos outros'. Quando o acordo é fechado o filme vira nosso", disse Cosenza. A coprodução nem sempre é um caminho fácil, pois envolve muito trabalho e burocracia, mas os diferentes pontos de vista artísticos e as possibilidades de distribuição são vantajosos para quem produz e para os expectadores.

A produtora acabou de ganhar o prêmio no Festival de Sundance com o filme Violeta vai para o céu, filme chileno com coprodução do Brasil e da Argentina.

Dirigido por um dos mais conhecidos cineastas chilenos da atualidade, Andrés Wood, o filme conta a história de Violeta Parra, um dos grandes ícones da música no Chile. Apesar disso, segundo Cosenza, o filme é também brasileiro e argentino. "Na minha visão Tabu é também um filme brasileiro."

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Carlos Albuquerque