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China lucra com transferência de tecnologia

Matthias von Hein (rr)22 de fevereiro de 2006

Os planos da China de desenvolver um trem magnético próprio, concorrente ao alemão Transrapid, atrapalham a visita do ministro alemão do Exterior a Pequim, reaquecendo o debate sobre a transferência de tecnologia.

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Steinmeier cobra proteção à propriedade intelectualFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

A notícia de que a China planeja desenvolver um trem magnético próprio foi recebida com espanto na Alemanha. Afinal, há anos que o país está presente na China com tal tecnologia, tendo transferido aos chineses um importante know-how.

Há três anos, o Transrapid comunica o aeroporto internacional de Xangai com o centro da cidade. Com a aproximação da feira Expo 2010, as empresas envolvidas no consórcio Transrapid International – Thyssen-Krupp e Siemens – alimentavam esperanças justificadas de que o trecho fosse prolongado até a cidade de Hangzhou.

Mas a notícia, divulgada três dias antes da chegada ao país do ministro alemão das Relações Exteriores, Frank Walter Steinmeier, nesta quarta-feira (22/02), causou certo ceticismo. Num encontro com seu colega chinês, Li Zhaoxing, o ministro criticou o tratamento dado à propriedade intelectual na China.

"O progresso das relações econômicas depende de um amparo legal confiável", disse Steinmeier, lembrando que há divergências freqüentes entre a lei e seu cumprimento na China. Li garantiu que começaria uma campanha nacional destinada a salvaguardar os direitos de proteção intelectual. E, segundo Steinmeier, o assunto também será tema de uma comissão bilateral destinada a promover o "diálogo estratégico" entre os dois países.

Pressão estratégica

Transrapid in Schanghai
Linha do Transrapid em XangaiFoto: dpa - Fotoreport

Em Pequim, correm boatos de que a medida visa pressionar a Alemanha a construir o prolongamento da linha do Transrapid não apenas com um orçamento menor, mas também com uma transferência ainda maior de tecnologia e know-how.

No entanto, com isso a própria Alemanha estaria apoiando a concorrência de amanhã. Afinal, a China não é especialmente famosa por proteger a propriedade intelectual estrangeira e a falsificação de produtos é um dos problemas centrais da economia chinesa.

"Esse é um problema que afeta todos os setores", explica Stefi Schmitt, da Agência Federal de Comércio Exterior. Sejam empresas médicas, sejam fabricantes de veículos ou de alimentos: os produtos são completamente falsificados.

A cópia é melhor que o original

Nesse contexto, parcerias entre empresas chinesas e estrangeiras desempenham um papel fundamental. Segundo estatísticas chinesas, existem atualmente cerca de meio milhão de parcerias internacionais.

"Conhecemos esse problema da indústria automobilística, mas também de muitos outros setores. Os chineses criam uma joint-venture com companhias estrangeiras, aprendem como funciona a produção e rapidamente passam a fabricar eles mesmos o produto, às vezes até melhor que os originais", conta Frank Sieren, que foi durante anos correspondente de uma publicação de economia em Pequim.

China auf der IAA 2005
China participou pela primeira vez do Salão do Automóvel de Frankfurt em 2005Foto: AP

Em poucos anos, a China ergueu praticamente do nada uma indústria automobilística que atende às demandas não apenas do mercado interno, mas também do de exportação. E 2005 foi o ano não só da estréia chinesa no Salão do Automóvel de Frankfurt, mas também o primeiro em que a China exportou mais carros do que importou.

Neste segmento, a transferência tecnológica foi especialmente efetiva, uma vez que a China trabalhou simultaneamente com diversos conglomerados automobilísticos estrangeiros. A Shanghai Automobile Industrie Corporation (SAIC), por exemplo, que é parceira da Volkswagen, também possui parcerias com a General Motors, a Fiat e a Kia.

Chineses voam alto

Nesse meio tempo, a China já tem novos e ambiciosos planos: no início de janeiro, o país anunciou que a construção de um avião chinês com capacidade para 150 a 200 passageiros terá a mais alta prioridade nos próximos cinco anos.

Não foi à toa que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, negociou a inauguração de uma unidade de produção da Airbus na China em troca da aquisição de 150 jatos da empresa em dezembro último.

Thomas Enders, vice-presidente da EADS, holding proprietária da Airbus, parece já ter aceitado o fato de que a transferência de tecnologia será inevitável. "Em uma economia de conhecimento mundialmente interconectada, não haverá mais lugar para propriedades tecnológicas permanentes", escreveu no jornal Handelsblatt.