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Chineses aprendem com alemães a fabricar carros

(Sean Sinico/gv) 14 de janeiro de 2006

Mesmo que os fabricantes de automóveis alemães estejam de olho nos milhões de chineses a fim de lucrar, os primeiros carros chineses estão ganhando território na exportação e arriscando competir com a Mercedes e BMW.

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Automóveis chineses estão entrando no mercado alemãoFoto: AP

Os carros fabricados na China pela Geely, Jiangling e Brilliance vistos pelos alemães no Salão de Automóveis de Frankfurt no ano passado – alguns dos quais também participam do Detroit Auto Show – ainda não podem competir com a produção alemã. Porém, não levará muito tempo até que eles o possam, na opinião de Ferdinand Dudenhöffer, do Centro Alemão de Pesquisas Automobilísticas.

"Os chineses estarão competitivos por volta de 2010", disse. "No entanto, eles precisam de tempo até que seus carros sejam comerciálizáveis na Europa".

Isso foi comprovado pelos recentes crash tests conduzidos em Jiangling pelo ADAC, maior automóvel clube da Alemanha.

ADAC Crashtest Landwind
Performance no crash test foi catastrófica, segundo ADACFoto: ADAC

A organização disse que um motorista virtualmente não teria chance de sobreviver se um carro batesse de frente a uma velocidade de 64 km/h. O veículo teve melhor performance em teste similar feito pelo TÜV, outra instituição certificadora alemã, após uma série de mudanças serem feitas.

Alemanha e Europa providenciam assistência técnica

Para ajudar os chineses a melhor corresponder aos padrões ocidentais de segurança e proteção ambiental, fabricantes europeus e americanos associaram-se a companhias chinesas em troca de acesso ao mercado chinês.

Mesmo que as companhias ocidentais estejam preocupadas em perder mercado para os parceiros, essa barganha é para montadoras do exterior a única forma de conseguir de Pequim a permissão para entrar num mercado no qual se prevê que 160 milhões de pessoas estarão comprando um carro por volta de 2020.

"Os fabricantes de automóveis chineses estão aprendendo com alemães e europeus como fabricar carros", disse Dudenhöffer. "Com este conhecimento, os chineses estão entrando ativamente nos mercados de exportação."

Como Japão e Coréia do Sul, porém mais veloz

China auf der IAA 2005
Geely foi uma das marcas chinesas exibidas no Salão do Automóvel de FrankfurtFoto: AP

Enquanto empresas menores como Geely e Jiangling, que juntas produzem apenas 155 mil carros por ano, tentam tornar-se conhecidas em mostras internacionais, o mercado exportador chinês ainda está engatinhando. Apenas 2% dos 2,3 milhões de carros que a China produz deixam o país, de acordo com o relatório anual da empresa de consultoria, pesquisa de marketing e gestão operacional KPMG sobre o mercado automobilístico chinês.

"Os chineses não serão uma ameaça nos primeiros anos, mas se tornarão um sério fornecedor adicional no mercado", declarou Thomas Böhm, da Associação Alemã de Importadores de Veículos Automotivos.

Porém Dudenhöffer acha que não levará muito tempo até que as duas maiores montadoras chinesas, a SAIC, de Xangai, que produz 740 mil carros, e a FAW, com produção de 650 mil automóveis, comecem a agir.

"Os grandes 'jogadores' são mais reservados, eles estão construindo sua potência, e nós podemos esperar que dentro de três a cinco anos eles irão iniciar seu ataque aos Estados Unidos e à Europa", afirmou.

Para ter uma idéia do que vem pela frente, as montadoras precisam apenas pensar no Japão e na Coréia do Norte. Após terem menosprezado inicialmente japoneses e coreanos como concorrentes barateiros incapazes de corresponder às exigências do mercado alemão, Mercedes e cia. viram seus mercados encolher depois que melhorou a reputação da Toyota e da Hyundai.

"Os chineses têm mais montadoras e, eles aprendem com mais facilidade", disse Dudenhöffer, comparando as nações asiáticas. "Eles estão crescendo muito rápido."

Europa não abrirá mão da produção em massa

Para combater a emergente competição, as companhias alemãs não estarão dispostas a abrir mão de nenhum segmento automobilístico, como proposto pelos chineses. Eles sugeriram à Europa que investisse em veículos de luxo e deixasse os mais baratos, produzidos em massa, para a China, de acordo com Böhm.

"Os europeus não ficariam felizes dividindo o mercado a longo prazo", ele disse. "Essa é uma das razões de os fabricantes alemães estarem indo para a China com preços baixos.

Embora os motoristas alemães sejam muito afetivos na compra de um carro, mantendo-se freqüentemente fiéis a sua marca preferida, são os custos que abrir as portas aos carros chineses na Alemanha.

"Temos uma relação muito emocional com automóveis na Alemanha, mas não seremos capazes de nos dar ao luxo disso para sempre", afirmou Böhm, adicionando que a situação econômica alemã está forçando as pessoas a repensarem seus hábitos de consumo. "Se eu compro um carro fabricado na Alemanha, mas com muitas peças chinesas, por que não comprar logo um inteiramente chinês se o preço for bom?", questiona.