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Chipre

Agências/DW (rr)21 de março de 2008

Dirigentes greco-cipriota e turco-cipriota anunciaram que retomarão as negociacões para reunificação da ilha e que reabrirão a rua Ledra, símbolo da partilha da ilha na capital Nicósia, dividida há mais de 30 anos.

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Rua Ledra divide comunidades turca e gregaFoto: AP

Cerca de 34 anos após a divisão do Chipre, o novo presidente cipriota, Dimitris Christofias, e o líder político turco-cipriota, Mehmet Ali Talat, anunciaram o começo de uma nova rodada de negociações formais sobre a reunificação da ilha após um encontro nesta sexta-feira (21/03).

O primeiro e simbolicamente importante passo para a reaproximação já foi dado: após o encontro, os dirigentes anunciaram a abertura à circulação, assim que tecnicamente possível, da rua Ledra, passagem na parte histórica da capital Nicósia que é considerada um símbolo da partilha da ilha, já que separa há mais de 30 anos as duas comunidades. Com isso, ficará permitida a livre circulação da população de ambos lados da ilha no centro histórico da capital.

Solução ainda em 2008?

A reunião dois dois dirigientes, realizada na representação da ONU na periferia de Nicósia, foi acompanhada pelo encarregado das Nações Unidas para a questão cipriota, Michael Moller. Ele garantiu que o encontro ocorreu em um "ambiente muito positivo e amigável" e assegurou que os políticos alcançaram um "alto grau de convergência" em diversas questões.

Zypern Präsident Dimitris Christofias und Mehmet Ali Talat in Nikosia bei Verhandlung
Christofias e Talat após o encontro em NicósiaFoto: AP

O comunista e reformista Cristofias, eleito em fevereiro último, desfruta de grande popularidade também entre a população turca da ilha, e sua eleição já vinha sido interpretada como uma esperança para a reunificação. Durante todo o governo de seu antecessor, Tassos Papadopoulos, as negociação permaneceram congeladas.

Durante o encontro, ficou definido que se formarão grupos de trabalho e comissões técnicas e que, passados três meses, os dois líderes se reencontrarão novamente para avaliar os progressos alcançados.

Talat falou no "início de uma nova era" e na possibilidade de se encontrar uma solução até o fim de 2008. Já Cristofias, que defende uma solução baseada em uma federação desmilitarizada bicomunitária e birregional, com direitos políticos iguais para os cipriotas de ambos os lados, admitiu que estão diante de uma tarefa árdua, impossível de se resolver em um mês.

Seja qual for a suolução encontrada, uma vez unificado, o Chipre teria que solucionar questões relevantes, tais como a presença do exército turco no norte do país e o regresso dos refugiados.

Reações positivas

As primeiras reações da imprensa local foram positivas. Segundo o jornal grego-cipriota Phileleftheros, "foi aberta uma janela para a primavera". O periódico turco-cipriota Afrika ressaltou que "os dois políticos disseram no passado que, uma vez que estivessem no poder, solucionariam o problema do Chipre rapidamente. Agora eles estão: então que resolvam o problema!"

UN-Friedenstruppe auf Zypern
Tropas da ONU patrulham a chamada 'Linha Verde', que separa o país mediterrâneoFoto: AP

O Chipre está dividido desde 1974, após um golpe de Estado de gregos nacionalistas com o apoio de Atenas, que provocou a invasão militar turca no norte do país. A República Turca do Chipre do Norte, proclamada independente em 1983, foi reconhecida apenas pela Turquia.

De acordo com o direito internacional, desde 2004 toda a ilha é parte da União Européia, embora na prática esta não exerça influência alguma sobre a porção norte, ocupada por tropas turcas. As tentativas de reunificação lideradas pelo ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, fracassaram em 2004 após a negativa da população greco-cipriota em um plebiscito.