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Chirac forçou substituição no comando da Vivendi

(ns)4 de julho de 2002

Equilibrar as finanças e recuperar a confiança do mercado é o desafio do novo presidente da gigante franco-americana Vivendi. Jean René Fortou é vice-presidente do conselho fiscal da Aventis teuto-francesa.

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Jean Marie Messier, ex-presidente da VivendiFoto: AP

A principal preocupação do novo presidente da Vivendi Universal, Jean René Fortou, é encher, o mais rápido possível, os cofres da empresa endividada, a segunda do mundo no setor de mídia. Pouco após assumir o cargo em sessão extraordinária do conselho administrativo, Fortou admitiu claramente a crise de liqüidez que ameaça o império franco-americano. Ele apresentará um plano de reestruturação financeira até setembro.

Austeridade: a receita de saneamento

Os analistas esperam duras medidas de saneamento e contenção de gastos, fechamento de subsidiárias e separação de setores, uma vez que a Vivendi tornou-se um conglomerado diversificado e complexo, através de inúmeras aquisições. O mais provável é a venda da companhia de abastecimento de água Vivendi Environnement e da emissora de tevê por assinatura Canal +, na qual várias empresas francesas já manifestaram interesse.

"É preciso reconhecer que a situação do caixa é tensa", disse o novo presidente da Vivendi, manifestando a convicção de que a crise de liqüidez é apenas temporária. Vice-presidente do conselho fiscal do grupo teuto-francês Aventis, Jean René Fortou foi nomeado para o cargo na noite de quarta-feira (03), substituindo Jean Marie Messier, que renunciou diante das pressões.

Medo de crise financeira leva à interferência de Chirac

A operação de emergência para salvar a Vivendi partiu diretamente dos Campos Elíseos, segundo círculos ligados ao governo de Paris. Ao que tudo indica, era grande o perigo de que a segunda maior empresa de mídia, logo após a AOL Time Warner, fosse à falência, comprometendo grandes grupos financeiros franceses, tanto é que a ordem de afastamento de Messier foi dada diretamente pelo presidente Jaques Chirac.

Como Jean René Fourtou conta com o apoio dos bancos e do governo, a luz no fim do túnel bastou para deter a queda livre da ação na Vivendi na bolsa. Ela recuperou 5,5% nesta quinta-feira, sendo cotada a 14,67 euros. Em meados de junho a ação chegou a ser negociada em torno de 30 euros, tendo perdido mais de 75% de seu valor desde janeiro. No entanto, os corretores e analistas contam com novas oscilações até que a situação financeira esteja claramente definida.

"Estamos trabalhando para recuperar a confiança", disse o novo presidente. Segundo informou, a Vivendi tem que efetuar pagamentos da ordem de 1,8 bilhão de euros até o final do mês. Para isso, dispõe de 1,2 bilhão em dinheiro vivo, mas pode recorrer a linhas de crédito de até 1,6 bilhão de euros. As especulações de dificuldades de liqüidez começaram na semana passada, quando 12,5% das ações da Vivendi Environnement serviram de garantia para a obtenção de um empréstimo de 1,4 bilhão de euros junto ao Deutsche Bank.

Messier, que alguns analistas consideram um megalômano, construiu um imenso império a partir da companhia de água Générale des Eaux, comprando empresas quando as ações estavam em alta na bolsa. Assim, a Vivendi expandiu suas atividades para o setor de mídia e telecomunicaações, englobando desde o estúdio cinematográfico Universal, em Hollywood, passando por gravadoras até redes de canais de televisão e operadoras de telefonia móvel. Com a queda do valor das empresas adquiridas, altas amortizações pesaram no balancete do ano passado, quando a Vivendi teve um prejuízo recorde de 13,6 bilhões de euros.