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Cientista alemã: Pelo menos um ano para investigações no Iraque

lk18 de novembro de 2002

Para a microbiologista Gabriele Kraatz-Wadsack, não será possível inspecionar todos os arsenais e locais considerados suspeitos no prazo estabelecido pela resolução do Conselho de Segurança da ONU.

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O trabalho dos inspetores será coordenado a partir da sede da ONU em BagdáFoto: AP

Entre os 11 alemães que compõem a equipe de cerca de 250 especialistas que devem descobrir se o Iraque produz armas de destruição em massa, encontra-se a microbiologista Gabriele Kraatz-Wadsack. A cientista já esteve no Iraque de 1995 a 1998, quando dirigiu a comissão de armas biológicas.

Em entrevista à emissora DeutschlandRadio, de Berlim, nesta segunda-feira (18), Kraatz-Wadsack desfez qualquer impressão de que a tarefa que espera os inspetores seja fácil e possa ser concluída com rapidez.

Lembra que existem 700 locais suspeitos de servirem à produção ou armazenamento de armas atômicas, biológicas ou químicas. Impossível inspecionar todos eles no prazo de 60 dias, que a resolução do Conselho de Segurança da ONU estabeleceu para a apresentação do primeiro relatório dos inspetores. A tarefa exige "pelo menos um ano". A microbiologista acredita que os inspetores se concentrarão inicialmente nos 100 principais arsenais e locais suspeitos.

Segundo o chefe dos inspetores da ONU, o sueco Hans Blix, que chegou a Bagdá nesta segunda-feira, à frente de um primeiro grupo composto de 24 especialistas, as inspeções começarão no próximo dia 27.

Armas biológicas

Nas inspeções anteriores, o programa de armas biológicas demorou para ser descoberto, mesmo porque as autoridades iraquianas mentiram o tempo todo a esse respeito. Segundo a microbiologista alemã, a "descoberta mais espetacular" que ela realizou foi a de uma granja de galinhas de 36 quilômetros quadrados que, na verdade, era o mais importante centro de produção de armas biológicas.

Quando os inspetores da ONU deixaram o Iraque em 1998, alegando que seu trabalho estava sendo dificultado pelas autoridades do país, o levantamento dos centros de produção das armas biológicas não estava concluído.

Requinte do equipamento não garante sucesso da missão

O equipamento técnico de que os inspetores dispõem agora para seus controles é muito mais requintado do que o utilizado nas investigações realizadas na década de 90, ressalta Kraatz-Wadsack. Entre outros, estão disponíveis detectores de raios gama capazes de localizar os mínimos resquícios de processos de enriquecimento de urânio.

O maior requinte técnico, porém, não deve criar a ilusão de que os inspetores serão capazes de descobrir tudo, alerta Hans Blix. Suas possibilidades são limitadas quando se trata de instalações subterrâneas ou de laboratórios camuflados em caminhões que transitam pelas ruas das cidades.

Além do mais, "nós não decidimos sobre a guerra ou a paz", salienta o chefe dos inspetores. "Isso é uma invenção da mídia. Nós somos uma organização técnica. Observamos, inspecionamos e damos dicas sobre as armas que devem ser destruídas. Mas o poder quem tem são os membros do Conselho de Segurança da ONU. É o Conselho de Segurança que decide sobre as possíveis conseqüências."