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Curso de línguas ou lipo?

1 de junho de 2009

Faltam pelo menos 6 mil enfermeiras na República Tcheca. Profissionais debandam para Alemanha e Inglaterra. Uma clínica adota método pouco ortodoxo de recrutamento de pessoal. E faz escola.

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Proposta antiética?Foto: Corporate Communications GmbH

Na República Tcheca, país que atualmente ocupa a presidência rotativa da União Europeia, enfermeiras são artigo em alta demanda: segundo estimativas, faltam 6 mil profissionais para suprir as necessidades do sistema de saúde do país.

Diante da carência de pessoal, uma clínica particular da capital, Praga, emprega meios pouco ortodoxos. Enfermeiras que assinem um contrato de trabalho de pelo menos três anos têm direito a uma operação plástica grátis, a sua escolha.

Outras clínicas já adotaram a mesma estratégia de recrutamento, numa tentativa de conter o êxodo das enfermeiras para o exterior, em busca de melhores salários.

Sonho de toda mulher

Petra Kalivodova não hesitou nem um instante em aceitar a oferta. Não sou diferente das outras mulheres: eu queria ficar mais bonita. Já vinha pensando bastante em fazer uma operação plástica. Primeiro fiz uma lipoaspiração, há seis meses mandei aumentar meu busto."

Com 31 anos, esportiva, cabelo negro liso, ela poderia tranquilamente ser considerada "belíssima", mesmo sem intervenção cirúrgica. Mas através da oferta de seu empregador, ela pôde realizar um sonho.

"Na área da saúde, as condições de trabalho e os salários são muito ruins, não somos muito valorizadas. No exterior, as enfermeiras são muito mais bem pagas. Mas agora estou satisfeita. Desde a operação sinto-me bem, ela me ajudou muito."

Estímulo abrangente

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Em Praga é grande a falta de profissionais de enfermagemFoto: DW

Lipo, mamoplastia de aumento, enrijecimento do abdômen: sem esses atrativos, as clínicas de Praga dificilmente teriam como manter seus quadros. Os profissionais da enfermagem tchecos debandam, sobretudo para a Alemanha e o Reino Unido. Em Brno, segunda maior cidade do país, um hospital foi recentemente obrigado a fechar sua unidade de tratamento intensivo por falta de pessoal.

Nesse contexto, Jiri Schweitzer, chefe da clínica Iscare, onde Petra trabalha, considera a ideia um sucesso. Nos últimos meses, o número de candidatas aumentou consideravelmente. Ele afirma colocar a qualificação profissional em primeiro plano, claro: sua meta é apenas estimular funcionárias que estão descontentes há muito tempo.

"Após a intervenção, elas não só ficam mais satisfeitas no trabalho, como também se sentem melhor na vida particular – o que, por sua vez, pode influenciar o desempenho no trabalho", explica Schweitzer. A seu ver, uma transação que beneficia ambos os envolvidos.

Curso de línguas ou uma lipo?

Pelo menos parte das enfermeiras da Iscare parece concordar com ele. Das cerca de 50 funcionárias, dez optaram pela cirurgia plástica. Para elas, a intervenção equivale a dinheiro vivo: 3 mil euros no caso de Petra Kalivodova.

Nem ela nem seu chefe compreendem a indignação dos de fora. "Não há nada de antiético", argumenta Schweitzer. "Além disso, não oferecemos apenas cirurgia plástica a nossos funcionários – esse é, naturalmente, o domínio das mulheres. Mas também nossos médicos e enfermeiros podem escolher algo de nossa ampla palheta de ofertas."

Estas incluem, por exemplo, cursos de línguas. Mas aqui o interesse é modesto. Até um dos médicos da Iscare optou por uma lipoaspiração.

Autor: Christina Janssen
Revisão: Roselaine Wandscheer