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Clube em Colônia aposta em novos e desconhecidos artistas

Anne-Sophie Brändlin (mas)2 de setembro de 2014

Objetivo da maioria das casas noturnas é vender bebidas ao maior número de pessoas possível. Empresário de Colônia quebra o protocolo ao colocar jovens artistas à frente dos lucros, graças ao apoio da comunidade local.

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Foto: Mirko Polo

Mankel Brinkmann é um dos donos do Club Bahnhof Ehrenfeld (CBE), em Colônia, no oeste da Alemanha. Há quatro anos, o empresário chileno-alemão de 35 anos e mais três amigos montaram o clube embaixo da estação de metrô de Ehrenfeld. O espaço alternativo abriga festas, concertos, exposições de arte e leitura de poesia.

"É muito importante que uma cidade tenha espaços para as pessoas que querem fazer arte", diz Brinkmann. "E Colônia tem um grande problema: a falta desses espaços."

Helen Kaiser é uma das revelações da cena artística da cidade. A jovem cantora e compositora – que recentemente lançou seu primeiro disco de canções electro-pop – concorda com Brinkmann. É muito difícil para artistas relativamente desconhecidos encontrar espaços para se apresentar na cidade.

"É muito importante que artistas desconhecidos tenham a chance de se apresentar em casas de show com boa qualidade de som", diz Kaiser. "Mas isso é muito raro. Há poucos lugares em Colônia onde artistas desconhecidos conseguem encher a casa, e geralmente a qualidade de som não é boa ou a atmosfera não é ideal."

Segundo a cantora, muitos promotores não oferecem espaço para artistas desconhecidos por medo de que eles não consigam atrair clientes.

Quando estudante, Brinkmann tentou encontrar clubes onde pudesse organizar festas latino-americanas. Foi aí que surgiu a ideia de abrir seu próprio clube, o CBE, porque ninguém queria correr o risco de fazer uma festa que ainda não tivesse um público estabelecido.

Mankel Brinkmann vor dem CBE
Brinkmann contou com o apoio da comunidade para tomar decisões com base não apenas em fatores econômicosFoto: Cedric Icassain

Espaços menores

Hoje, Brinkmann e seu time enfrentam o desafio de ter um clube relativamente grande, com capacidade para até 2 mil pessoas, e, ao mesmo tempo, apoiar novos artistas num ambiente intimista.

"Se você colocar um artista para se apresentar para 200 pessoas num espaço feito para abrigar 2 mil, perde-se completamente a atmosfera", diz Brinkmann.

Ao mesmo tempo, há o aspecto financeiro. "Não encher seu clube significa que você terá prejuízo e não conseguirá nem cobrir os custos mínimos", afirma o empresário. Mas ele não quer tomar decisões com base apenas em fatores econômicos.

"Ao promover eventos artísticos, não se trata apenas de dinheiro, mas de oferecer algo novo para a comunidade. Então, decidimos que precisávamos de um lugar para apresentar novos estilos de música que ainda são desconhecidos do grande público", explica.

Der Club Bahnhof Ehrenfeld
Clubes grandes não são adequados para novos e desconhecidos artistas, que requerem um ambiente mais intimistaFoto: Mirko Polo

Usando a criatividade

Os quatro sócios do CBE queriam expandir o clube, abrindo uma área menor para artistas desconhecidos poderem se apresentar e desenvolver seu trabalho. Mas a ideia não era fazer isso sozinhos; eles queriam envolver a comunidade no projeto.

"Não queríamos apenas ir ao banco ou procurar investidores e encher o novo espaço com logomarcas e anúncios de patrocinadores. Já fazíamos parte de uma comunidade, um grande número de pessoas que apoiam nossos projetos, então, por que não pedir ajuda a elas?", diz Brinkmann.

O próximo passo foi começar uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo), na qual eles pediam doações em dinheiro para construir o novo espaço para pequenos eventos artísticos.

A comunidade do clube aceitou o desafio. Centenas de amantes das artes contribuíram com mais de 27 mil euros, o suficiente para terminar a construção do espaço mais intimista, que deverá ficar pronto no final de 2014.

Brinkmann está animado com o sucesso do crowdfunding, mas o que o deixou mais entusiasmado foi a reação e o apoio das pessoas. "Gente de toda a Alemanha apoiou nossa ideia, a maioria do setor cultural, e contribuíram com bastante dinheiro. A média das doações foi de 80 euros, um valor que considero alto."

Der Club Bahnhof Ehrenfeld
O novo espaço do CBE está quase concluído, graças ao financiamento coletivoFoto: Mirko Polo

Senso de comunidade

O empresário e seu time não queriam apenas abrir um novo clube; eles queriam criar uma comunidade. "Quando vierem ao novo clube, todos que contribuíram para o projeto vão saber que são uma parte desse novo espaço", diz Brinkmann.

Um dos doadores foi o músico e produtor de 25 anos Marvin Beraneck. Ele diz que doou porque "Colônia quase não tem boas locações para shows pequenos ou lugares de qualidade em que artistas desconhecidos podem se apresentar."

Para Beraneck, o crowdfunding é uma grande ferramenta para envolver as pessoas. "Me senti parte do projeto e acho isso algo muito bonito."

O que é especial em Colônia, acrescenta, é a interação dos músicos da cidade que apoiam e inspiram uns aos outros. Foi esse sentimento de pertencer a uma comunidade criativa que levou Beraneck a se mudar para a cidade.

"Colônia não oferece muitos espaços gratuitos como Berlim, por exemplo, mas temos um senso de comunidade aqui, somos uma família", diz Beraneck. "Todo mundo se ajuda e é provavelmente por isso que o projeto de crowdfunding do CBE deu certo."

Parece que Brinkmann e seu time não terão dificuldades em atrair público para seu novo espaço do CBE, reforçando ainda mais os laços entre novos artistas e sua comunidade.