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Coalizão alemã ameaçada por causa do Afeganistão

Estelina Farias14 de novembro de 2001

Chanceler federal alemão condiciona prosseguimento da coalizão social-democrata e verde a apoio interno para aprovar envio de soldados à luta antiterror.

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Chanceler federal, Gerhard Schröder, e a líder verde Kerstin MüllerFoto: AP

A guerra no Afeganistão gerou a pior crise na coalizão de governo da Alemanha desde sua formação em 1998. O chanceler federal, Gerhard Schröder, decidiu atrelar a sorte do gabinete social-democrata e verde à planejada ação das Forças Armadas na luta antiterror liderada pelos Estados Unidos. O chefe de governo anunciou que apresentará uma moção de confiança ao Parlamento, na sessão de sexta-feira, em que será votada a proposta de envio de 3.900 soldados, navios, tanques e aviões para apoiar os Estados Unidos no combate ao terrorismo.

A decisão de Schröder se deve à ameaçada falta de votos dos dois partidos governistas para aprovar a ação militar. Dos 47 deputados verdes, oito anunciaram que votarão contra e, com a nova condição estabelecida por Schröder, a coalizão depende agora dos pacifistas do Partido Verde.

O voto de confiança é o meio de pressão mais forte de um chefe de governo e será solicitado pela quarta vez na história da Alemanha do pós-guerra. Apostando tudo numa só cartada, Schröder poderá sair da crise como um grande vitorioso ou ter de procurar um novo parceiro de coalizão para o Partido Social Democrático (SPD), do qual é presidente. Em caso extremo de uma votação desfavorável, o chefe de governo terá de abrir caminho para eleições antecipadas, provavelmente para ainda este ano. As próximas eleições para o Parlamento e o governo estão previstas para dentro de um ano.

Recuo da oposição - Os partidos de oposição conservadora democrata-cristã (CDU) e social-cristã (CSU) tinham prometido aprovar o envio de soldados juntamente com o Partido Liberal, mas voltaram atrás e anunciaram que votarão contra. "Se o chanceler federal quer unir as duas questões (ação militar e existência da coalizão), não há mais condição para aprovar a missão das Forças Armadas", disse o líder da bancada conjunta da CDU e CSU, Friedrich Merz.

Marchas e contramarchas - Schröder insinuou, na semana passada, que se contentaria com a aprovação do envio dos soldados sem maioria da coalizão e com ajuda da oposição. Ele disse que a proposta é do Parlamento e não do seu gabinete. Ontem, o chefe de governo ameaçou, todavia, com um rompimento da coalizão. Hoje, ele condicionou o prosseguimento da coligação a um apoio interno para o seu plano militar. Antes disso, Schröder reuniu-se com as bancadas do SPD e verdes, separadamente, e conversou com políticos experientes como o ex-chaneceler federal Helmut Schmidt e o ex-presidente do SPD Hans Jochen Vogel. Por causa da crise, o ministro do Exterior, Joschka Fischer, deixou a Assembléia-Geral da ONU, em Nova York, e retornou a Berlim.

O líder do SPD, Peter Struck, afastou a hipótese de 20 deputados do SPD votarem contra a missão militar e a moção de confiança à coalizão. A líder do Partido Verde, Kerstin Müller, disse que Schröder goza da confiança de toda a sua bancada e que espera que o avanço da oposição armada no Afeganistão e mais esclarecimentos do gabinete sobre a ação militar possibilitem uma mudança de posição dos deputados que ameaçam votar contra os planos do chefe de governo.