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Comércio é ponto chave na visita de Schröder ao Brasil e à Argentina

Johannes Beck (ns)8 de fevereiro de 2002

A Zona de Livre Comércio a ser criada entre a União Européia e o Mercosul será um tema difícil na visita do chefe de governo alemão, Gerhard Schröder, à Argentina e ao Brasil, de 13 a 16 de fevereiro.

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O chanceler federal Gerhard Schroeder (à direita), com o ministro do Exterior, Joschka FischerFoto: AP

"A iniciativa privada alemã conclama a Comissão Européia e os governos dos países-membros da União Européia a empreender tudo o que for necessário para garantir uma rápida negociação e a assinatura do acordo de livre comércio previsto entre a UE e o Mercosul e o Chile." A chamada Declaração de Munique, formulada pela Conferência do Setor Econômico Alemão para a América Latina em 1º de junho de 2001, define em poucas palavras o que se espera do chanceler federal Gerhard Schröder na sua visita à América Latina, de 10 a 16 de fevereiro.

Problemáticas devem ser, principalmente, as etapas no Brasil e Argentina, os principais países do Mercosul, o mercado comum do cone sul. Apesar de declarações de intenções de ambas as partes, as negociações sobre uma Zona de Livre Comércio entre os dois blocos – UE e Mercosul – não avançam há mais de cinco anos.

Abertura de mercado

- A União Européia terá que abrir seu mercado agrário para os produtos mais competitivos do Mercosul, como carne de gado, cereais ou soja, do contrário, a Argentina, o Brasil, Paraguai e Uruguai não irão facilitar o acesso para os principais artigos de exportação da UE, tais como máquinas, automóveis ou caminhões. Esse foi o balanço da última conferência sobre a América Latina, no ano passado.

Para a União Européia, porém, um acordo nesse sentido seria problemático por atingir uma série de produtos considerados sensíveis. Os consumidores europeus certamente iriam se alegrar de contar com steaks de alta qualidade, provenientes de uma criação mais saudável na pampa argentina. No entanto, muitos pecuaristas que tiveram prejuízos com o mal da vaca louca teriam ameaçada sua sobrevivência econômica.

A melhor forma de ajudar a Argentina

- Se Gerhard Schröder quiser realmente aprofundar as relações econômicas com a América Latina, como anunciou, terá que pegar nessas "batatas quentes". Aliás, essa seria a melhor maneira de ajudar a economia argentina a superar a profunda crise em que se encontra: nenhuma outra decisão da UE teria um efeito comparável à de abrir seu mercado agrário.

Uma Zona de Livre Comércio também seria proveitosa para a economia alemã e européia em geral. O Mercosul é a única região da América Latina em que o primeiro parceiro comercial é a União Européia e não os EUA. Assim, os países europeus são responsáveis por aproximadamente um quarto das importações e exportações do Brasil e da Argentina.

Mercados visados e descuidados

- Bernard Bauer, diretor-gerente da Câmara Equador Alemanha de Indústria e Comércio recomenda que a UE não espere até que os Estados Unidos passem na sua frente, com o seu projeto da ALCA, a Zona de Livre Comércio das Américas. "Os europeus costumam se concentrar em alguns mercados e descuidam os outros. Passados alguns anos, eles acordam para o que fizeram. Mas então é mais difícil recuperar a posição que perderam nesses mercados", diz Bauer, resumindo suas observações.

Esse é o caso do México, a primeira estação de Schröder em sua viagem. Desde que o país entrou em 1994 para o NAFTA, o Acordo Livre Comércio da América do Norte, diminuiu drasticamente o comércio com a UE. Nesse meio tempo, os Estados Unidos fornecem 75% das importações mexicanas, enquanto a União Européia não chega nem a 10%. Essa situação não pôde ser revertida nem mesmo com a assinatura do acordo de livre comércio entre a UE e o México, em 2000.