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Com aliança, Brasil e México tentam superar distanciamento

Astrid Prange (md)28 de maio de 2015

Comércio entre as duas maiores potências econômicas da América Latina é bem inferior ao que poderia ser. Brasil e México têm agora motivos para se aproximar e tentar reverter essa situação.

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Presidente Dilma Rousseff no México, com presidente do país, Enrique Peña NietoFoto: Reuters/E. Garrido

No final de sua visita ao México, a presidente Dilma Rousseff anunciou uma cooperação mais estreita entre os dois países. Depois que foram assinados um acordo de facilitação de investimentos e memorandos de cooperação em áreas como turismo, meio ambiente, pesca, agricultura e serviços aéreos, deverão ser iniciadas em julho negociações para um acordo de livre comércio.

"O Brasil quer mostrar força", analisa Betina Sachsse, gerente regional da Associação Empresarial para América Latina (LAV), uma rede alemã de empresários com interesse no continente. Segundo ela, o país há muito tempo investe na expansão da cooperação entre países em desenvolvimento e emergentes para criar um contrapeso ao clube dos países do G7.

Brasil e México são os motores econômicos da América Latina. Os dois países geram quase dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) da região, eles são responsáveis por 58% do total das exportações e 55% da população.

Desinteresse mútuo

Mas, até agora, ambos insistiam em se ignorar. O México tradicionalmente se volta para os EUA, país responsável por 80% de seu comércio externo. O Brasil, por sua vez, se concentra no Mercosul e na China, nação que superou os EUA em 2009 como mais importante parceiro comercial brasileiro.

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Fábrica da Volks no México: maioria dos carros produzidos no país vai para os EUAFoto: picture-alliance/dpa

O comércio entre México e Brasil movimentou, em 2014, 9,2 bilhões de dólares – bem menos que o fluxo entre a China e o Brasil, que chegou a 77 bilhões de dólares. Já entre México e Estados Unidos são comercializados anualmente bens e serviços no valor de 538 bilhões de dólares.

Sachsse avalia que as relações comerciais entre o México e Brasil têm muito espaço para se desenvolver. "Mesmo sem acordo de livre comércio, as importações e as exportações dobraram nos últimos dez anos", explica. "Com reduções de tarifas de importação e exportação, o volume de negócios tende a crescer de forma muito mais forte", afirma.

Segundo o Itamaraty, o chamado Acordo Comercial Expandido deve abranger todas as áreas do comércio exterior, como produtos industriais e agrícolas, serviços, contratos públicos, propriedade intelectual, cooperação aduaneira e facilitação de comércio.

Embraer EMB-312 Tucano
Aviões da Embraer estão entre os mais importantes artigos de exportação brasileirosFoto: Brazilian Air Force/Sargento Batista

Liberalização total do comércio

"Essas negociações são extremamente importantes", afirma Antonio José Ferreira Simões, secretário para América Latina e Caribe no Ministério das Relações Exteriores. "O que se discute é a liberalização total do comércio", acrescenta, alertando que as negociações certamente não serão concluídas em seis meses.

A nova aliança tem razões simples: por causa da recessão em seu próprio país, a indústria brasileira procura novos mercados. Já o México quer reduzir sua dependência econômica em relação aos Estados Unidos e compensar a queda nas receitas devido ao declínio dos preços do petróleo.

As metas ambiciosas da economia brasileira fazem com que o Itamaraty se esforce para não piorar ainda mais o clima tenso entre os membros do Mercosul. "Cada país do Mercosul pode negociar acordos individualmente com o México", ressalta o diplomata Antonio Simões, lembrando que não há uma negociação comum, como é o caso do planejado acordo de livre comércio com a UE.

"Para o Brasil, certamente seria interessante também procurar acordos de livre comércio com outros países, como com a União Europeia", opina Manuel Neumann, gerente regional para México e América Central da LAV. "O México está muito mais avançado nesse ponto e pode repassar sua experiência."