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Combater a fome com lucro

hg / lk24 de outubro de 2002

Parceria público-privada, um dos modelos de combate ao subdesenvolvimento e à fome no mundo, foi tema de um simpósio realizado na ex-capital da Alemanha, Bonn.

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Parceria público-privada é uma das formas de combater a pobrezaFoto: AP

Temas globais costumam ser o foco de debates com que se comemora, a 24 de outubro, a publicação da Carta da Organização das Nações Unidas no ano de 1957. Como combater com eficiência a pobreza é um dos temas mais recorrentes nesses eventos, como o que se realizou, em Bonn, na véspera dos 57 anos de fundação da ONU. O simpósio "Combatendo a pobreza com lucro" reuniu, na quarta-feira (23) à noite, cientistas e representantes do empresariado e do setor de cooperação econômica na ex-capital da Alemanha, que abriga hoje 11 organizações da ONU.

Iniciativa privada x ONGs

Os participantes do simpósio debateram até que ponto o engajamento de empresas privadas, sempre em busca de vantagens econômicas, pode ser uma alternativa para a atuação de organizações não-governamentais em regiões desprivilegiadas.

Um exemplo para esse tipo de parceria público-privada é o POEMA, Programa de Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, em que uma série de instituições públicas, ONGs e empresas privadas congregam esforços para fomentar o desenvolvimento da região amazônica. Um dos projetos consiste na utilização de fibra de coco para a fabricação de assentos para automóveis da DaimlerChrysler, um empreendimento em que, além da empresa, lucram também a população — com novas condições de subsistência —, e o meio ambiente, graças ao aproveitamento não predatório dos recursos naturais.

A própria FAO, a Organização de Alimentação e Agricultura da ONU, empenha-se em estabelecer contato entre empresas e entidades locais, tendo em vista promover o desenvolvimento sustentável de regiões emergentes ou subdesenvolvidas.

Fenômeno passageiro?

Hans Joachim Preuss, secretário-geral designado da Ação Agrária Alemã, entidade de ajuda ao desenvolvimento que em 2002 completa 40 anos de existência, fez o papel de advogado do diabo. Para ele, a parceria público-privada não é uma panacéia: é preciso utilizar os diversos instrumentos disponíveis para o fomento ao desenvolvimento e descobrir a combinação ideal para cada país. "A gente nota com freqüência uma tendência na política desenvolvimentista: um assunto vira moda e todo mundo adota. É o que está acontecendo agora: a parceria público-privada é vista como solução para tudo. E não é!", afirmou categórico.

O modelo não funciona nos países em que falta a necessária infra-estrutura ou onde não existe segurança jurídica, imprescindível para uma empresa. Mas mesmo Preuss admite a importância da iniciativa privada para o cumprimento da meta que a ONU se propôs: reduzir pela metade a pobreza no mundo até 2015.

Mas "infelizmente não estamos no caminho certo", afirmou Kofi Annan em videomensagem transmitida na abertura do evento. "Se não melhorarmos nosso procedimento nos próximos 12 anos, não vamos conseguir cumprir grande parte de nossos objetivos. As Nações Unidas são de vocês! Façam o melhor possível!"