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Começa julgamento de Eike Batista no Brasil

Clarissa Neher18 de novembro de 2014

Empresário é acusado de uso de informações privilegiadas para obter vantagens e manipulação de mercado. Pena pode chegar a 13 anos de prisão. Em pouco menos de três anos Batista passou de bilionário a endividado.

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Foto: picture-alliance/dpa

Começou nesta terça-feira (18/11), no Rio de Janeiro, o julgamento do empresário Eike Batista por crimes contra o mercado financeiro. Batista é acusado de "insider trading" – uso de informações privilegiadas para obter vantagens em negociações relativas à petrolífera OGX – e manipulação de mercado.

Se condenado, as penas dos dois crimes somadas podem chegar a 13 anos de prisão, além de multa equivalente a três vezes o valor da vantagem ilícita. Na segunda-feira, a Justiça do Rio de Janeiro negou um pedido de habeas corpus para suspender a ação contra o empresário.

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) alega que Batista teria simulado o aporte de até 1 bilhão de reais na OGX com a intenção de enganar investidores.

Além disso, ele é acusado de tentar manter os preços das ações elevados artificialmente, mesmo sabendo que os campos de exploração Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia não teriam a prospecção anunciada.

Em meados de setembro, a Justiça Federal do Rio de Janeiro decretou o bloqueio de bens e ativos financeiros de Batista, equivalentes a 1,5 bilhão de reais. O empresário nega as acusações e afirma que os números apresentados ao mercado eram fornecidos por uma equipe especializada e baseados em dados técnicos.

Ascensão e queda

Em pouco menos de três anos, Eike Batista passou de um dos homens mais ricos do mundo a endividado. Em 2010 com um patrimônio de 27 bilhões de dólares, o empresário se tornou o oitavo mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Suas empresas do grupo X eram ativas principalmente no setor da mineração e petrolífero.

No início do ano seguinte, Batista afirmou que seria o homem mais rico do mundo até 2015 e conseguiu a ampliar sua fortuna para cerca de 30 bilhões de dólares. Sua ascensão continuou no ano seguinte.

Em 2012, com um patrimônio estimado de 34,5 bilhões de dólares, o empresário conseguiu subir mais uma posição na lista de bilionários da Forbes. Mas a partir de agosto desse mesmo ano o império de Eike Batista começou a ruir.

Em novembro de 2012, ele despencou na lista da Forbes, passando para a 35ª posição, além de deixar de ser o mais rico do Brasil. Em julho de 2013, ele deixou de ser bilionário e seu patrimônio foi reduzido a 200 milhões de dólares. Essa perda acentuada está relacionada à desvalorização de suas empresas devido a uma crise de confiança do mercado.

Especialistas apontam como motivos para a queda do empresário o fato de ele ter prometido resultados exorbitantes e não ter conseguido colocá-los em prática, além de problemas de gestão: ele não se preocupava com custos de projetos e oferecia bônus altíssimos a executivos, mesmo sem resultados concretos.

Em setembro deste ano, Eike Batista causou alvoroço e indignação nas redes sociais após declarar em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo que "voltar à classe média era um baque gigantesco".