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Comerciários e gráficos em greve

Neusa Soliz22 de maio de 2002

As mobilizações sindicais paralisaram a cadeia de lojas Karstadt, que resolveu introduzir um "sistema flexível de remuneração". A greve dos gráficos afetou a edição dos principais jornais.

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Loja da Karstadt em FrankfurtFoto: AP

Por pequena maioria (56,5%) os metalúrgicos do estado de Baden Württemberg aprovaram o acordo que lhes garantirá 4% de aumento salarial em junho. O apertado índice de aprovação pode, no entanto, também ser interpretado como insatisfação de boa parte dos metalúrgicos com o acordo. Por ocasião da aprovação da greve, mais de 90% haviam referendado a reivindicação de 6,5% de aumento.

O resultado da campanha salarial em Baden-Württemberg serviu de base para as negociações da categoria no restante do país e até para a campanha de outros sindicatos, como o dos prestadores de serviços.

Nesta quarta-feira, sob comando do Verdi, entraram em greve de advertência os gráficos e os empregados do comércio, enquanto os metalúrgicos da Saxônia continuam em greve, pois as empresas deste estado não aceitaram o acordo-modelo.

Flexibilidade é provocação para sindicato

O sindicato dos prestadores de serviços Verdi conclamou os funcionários da cadeia de lojas Karstadt. Segundo os líderes dos comerciários, as paralisações afetaram o funcionamento de um terço dos 189 estabelecimentos da rede. Diretora do Verdi, Franziska Wiethold considera "pura provocação" a oferta da federação, de um acordo válido por dois anos, com aumento salarial de 1,7% no primeiro e no montante da inflação no segundo.

A escolha recaiu sobre a Karstadt porque ela é a maior rede de lojas de departamentos na Europa e, por isso, sua direção desempenha "papel de peso" na federação dos empregadores do comércio, explicou o sindicato, em Berlim.

Funcionários pagam pela queda do consumo

Outra "provocação" seria o plano com que a direção da cadeia de lojas pretende enfrentar a queda nas vendas e no faturamento, em decorrência da redução geral do consumo. A Karstadt quer reduzir a gratificação de Natal, cortar férias especiais e pagar comissões sobre as vendas.

Com isso, pretende economizar 60 milhões de euros e estimular os vendedores a contribuir para aumentar o faturamento. O projeto, denominado de "sistema flexível de remuneração", levou a manifestações de protesto em Hamburgo e Düsseldorf nesta terça. Para a sindicalista Getrud Tippel, "é inaceitável que os funcionários paguem pela queda do faturamento das lojas".

"A resposta à difícil situação econômica do comércio é maior flexibilidade", disse o presidente da rede, Wolfgagn Urban, em Düsseldorf, ao apresentar o balanço de 2001. A queda do consumo fez com que o faturamento do grupo diminuísse 4,7% para 3,75 bilhões de euros, no primeiro trimestre deste ano. A diminuição foi maior ainda nas lojas de departamentos (- 8,1%, totalizando 1,5 bilhão de euros).

O prejuízo, antes do pagamento de impostos, aumentou 50% para 120 milhões de euros, o que está relacionado principalmente à aquisição da empresa de turismo Thomas Cook.

Urban deixou claro que a alternativa ao sistema de flexibilização seria o corte de empregos. A cadeia, que passou a chamar-se KarstadtQuelle após a fusão com o grupo Quelle, emprega 60 mil pessoas na Alemanha, tendo cortado quatro mil empregos no ano passado.

Gráficos não querem ficar para trás

As negociações salariais para os 220 mil gráficos entraram na sexta rodada, nesta quarta-feira, em Frankfurt, sob a pressão de greves de advertência em várias partes do país. O representante do sindicato Verdi nas negociações, Frank Werneke, exigiu uma nova oferta dos empregadores. "A situação é crítica, pois os gráficos não querem ficar atrás de outras categorias", disse.

O sindicato exige aumento de 6,5%, mas na última rodada se dispôs a aceitar 3,9%. Os empregadores não modificaram sua última proposta, que prevê entre 2,5% e 2,8% de aumento por um prazo de dois anos. Na quinta-feira (22), a Comissão de Reivindicações Salariais do sindicato irá analisar o estágio das negociações, podendo convocar uma votação para realização de greve.

Mas já houve paralisação do trabalho a nível nacional nesta quarta-feira. No Estado da Renânia do Norte-Vestfália, 1500 trabalhadores depuseram o trabalho por algumas horas. Na Baviera, 2000 gráficos participaram das ações, que se estenderam a 25 empresas. Em Hessen, ,mais de mil aderiram ao movimento.

A paralisação afetou as gráficas da Editora Springer, que publica o Bild, jornal de maior circulação no país, bem como as dos dois diários de Frankfurt de circulação nacional.