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Nobel alternativo

14 de setembro de 2010

Prêmio anual oferecido pela Right Livelihood Foundation foi criado em 1980 como alternativa de caráter social ao Nobel sueco. Evento em Bonn, na Alemanha, reúne 80 agraciados, inclusive brasileiros.

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Jakob von Uexküll criou o Nobel alternativoFoto: AP

"O conhecimento e experiência prática das pessoas e dos projetos que receberam o Right Livelihood Award são hoje mais necessários do que nunca, seja na economia, na mudança sustentável da energia de fontes fósseis para renováveis, na cultura, na educação e nos movimentos civis".

O intercâmbio dessa experiência é o objetivo da conferência a ser realizada em Bonn, na Alemanha, de 15 a 18 de setembro. Entre os 80 participantes que já receberam o Nobel alternativo, como o prêmio é conhecido, estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra e Francisco Whitaker Ferreira, cofundador do Fórum Social Mundial.

Brasilien Theologe Leonardo Boff
Leonardo BoffFoto: Leonardo Boff

A expectativa dos organizadores é de que "o encontro seja uma oportunidade de intercâmbio de informações entre pessoas que encontraram soluções para os grandes desafios da atualidade". E também uma chance de estabelecer o contato entre os premiados e pessoas atuantes nas áreas política, econômica e social.

"Soluções práticas e exemplares"

Oficialmente, o prêmio Nobel alternativo chama-se Right Livelihood Award, nome da fundação criada pelo jornalista e ativista teuto-sueco Jacob von Uexküll. A premiação homenageia a cada ano projetos e pessoas que mostram "soluções práticas e exemplares" para questões sociais urgentes.

Von Uexküll sempre criticou o comitê do prêmio Nobel oficial, por este ignorar muitos conhecimentos e méritos em setores alternativos, considerados importantes para a sobrevivência da humanidade.

Por isso, no final da década de 1970, destinou um milhão de dólares de seu patrimônio pessoal à abertura de uma fundação que viesse a preencher esta lacuna. O prêmio – dotado em 50 mil euros – é concedido desde 1980, sempre em dezembro, a três personalidades ou projetos.

Na realidade, o plano de Von Uexküll era convencer o Comitê Nobel de Oslo a criar mais um prêmio, dedicado à proteção ambiental, mas a sugestão não foi aceita.

Paz, meio ambiente e justiça

Não raro, os agraciados com o Nobel alternativo provêm de países em desenvolvimento. "Nossos premiados, nossos candidatos, os membros do júri, geralmente são pessoas que vivem junto aos pobres, nas favelas ou em regiões rurais", conta Von Uexküll.

É o caso do teólogo da libertação Leonardo Boff, agraciado com o prêmio em 2001. Ele foi homenageado por se empenhar pelos pobres na América Latina e estabelecer em seus escritos a relação entre espiritualidade, justiça social e responsabilidade ambiental.

Ao contrário do Nobel, concedido em grande parte a europeus ou americanos, Nobel alternativo foi destinado em 40% dos casos a africanos ou asiáticos, em sua maioria desconhecidos em nível internacional.

Mais jovens e mais mulheres entre os premiados

Os 137 premiados até hoje provêm de 58 países diferentes. Em comparação com o Nobel convencional, os premiados alternativos são em média mais jovens, além de o número de mulheres ganhadoras ser mais alto.

Wangari Maathai
Wangari MaathaiFoto: AP

Embora de início o prêmio alternativo tenha sido ridicularizado como ingênuo por tentar "melhorar o mundo", hoje ele é internacionalmente aceito como instância moral. Um dos fatores que contribuíram para sua boa reputação internacional foi o fato de, desde 1985, a cerimônia de entrega ser realizada no Parlamento sueco.

A ambientalista queniana Wangari Maathei, a propósito, é uma rara exceção: após ter recebido o Nobel alternativo, em 1984, ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2004. Trata-se de um caso único nos 30 anos da história do Nobel alternativo, mas é um claro sinal de sua importância.

Autores: Daniel Scheschkewitz/Roselaine Wandscheer
Revisão: Simone Lopes